sexta-feira, 31 de maio de 2013

A Arte de Escrever e dar Vida aos Pensamentos

Escrever é uma arte, entretanto muitos estudantes saem das escolas secundárias completamente despreparados para o exercício dessa arte. Infelizmente, a forma com que é ensinada a gramática, de forma fria e imposta como sendo uma ordem que se não fizerem o certo tudo estará errado, o estudante aprendiz muitas vezes desanima, e passa a ver as regras como obstáculos intransponíveis.

Ora, a grande regra, a regra das regras, é agradar. Daí a afirmação de Molieri – “Se o que agrada não está de acordo com as regras, então é porque as regras estão mal feitas.”

Não que a gramática é inútil e que as regras são prejudiciais, mas, como afirma Paul Reboux – “há um mínimo de obrigações que convém em arte, observar.” Mas que o excesso de regrinhas induz o estudante ao desânimo, isso é verdade.

Em todo mundo, há grande escritores que desconhecem as profundezas da gramática. É a prática contínua que se aperfeiçoa a técnica de escrever.

A arte é mais inspiração do que teoria, e se, para seu aprimoramento, se fizer mister obedecer a certas regras, que essas regras sejam, então simples e claras. É como se diz – “Gramática pouca, exercícios muitos.”

Então as escolas deveriam investirem mais na escrita, tudo deveria ser escrito, de punho. Conhecer o pensamento do aluno, com trabalhos, poemas, poesias, pesquisas sobre história, artes em geral. Conhecer a história de cada pensador, de cada herói, de cada campeão, de que todas as grandes conquistas e vitórias foram a custa de muita luta, muito estudo, muito exercício, muita dedicação, muita disciplina.

Através da arte de escrever, grandes manifestações ocorreram na história da humanidade, que através da escrita, em todas suas formas possíveis puderam produzir transformações, e alcançar a liberdade de viver com dignidade, igualdade e fraternidade, educando almas, e dando oportunidade de uma vida como deve ser vivida, aos fracos e oprimidos pelo poder que sempre existiu.

Um dos grandes exemplos, no Brasil, foi o grande escritor, poeta, liberal e pensador Antonio Frederico de Castro Alves, que ficou conhecido como o poeta dos escravos, pois lutou grandemente pela abolição da escravidão. Além disso, era um grande defensor do sistema republicano de governo, onde o povo elege seu presidente através do voto direto secreto.

Castro Alves, cursou direito na faculdade de Recife e teve grande participação na vida política da Faculdade, nas sociedades estudantis, onde desde cedo foi reconhecido o seu talento e ganhou admiração de todos, pelos versos, poesias, onde transmitia de forma cristalina e linda, seus pensamentos e idéias, considerados mais tarde como os poemas mais lindos do Brasil. Assim, lutando sempre contra as desigualdades, ganhou fama, admiração e adeptos, entrando de forma definitiva como um dos maiores gênios da literatura brasileira.

Não é por acaso que o dia 14 de março (dia do nascimento de Castro Alves) é o dia nacional da poesia, este dia é dedicado a ele, que encontrou na poesia a linguagem perfeita para manifestar seus sentimentos.

Em sua poesia O POVO AO PODER, nota-se a sua força e visão retratada por ele nos versos pesados gravados em 1864, como pode-se observar nos trechos abaixo:

.... A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor!
Senhor! ...pois quereis a praça?
Desgraçada da populaça
Só tem a rua de seu...
Ninguém vos rouba os castelos
Tendes palácios tão belos...
Deixai a terra ao Anteu.

Na tortura, na fogueira...
Nas tocas da inquisição
Chiava o fero na carne
Porém gritava a aflição.
Pois bem...nesta hora poluta
Nós bebemos a cicuta
Sufocados no estertor,
Deixai-nos soltar um grito
Que topando no infinito
Talvez desperte o Senhor.

(trecho)

...Irmãos da terra da América,
Filhos do solo da cruz,
Erguei as frontes altivas,
Bebei torrentes de luz...
Ai! Soberba populaça,
Rebentos da velha raça
Dos nossos velhos Catões,
Lançai um protesto, ó povo,
Protesto que o mundo novo
Manda aos tronos e âs nações.

Então, pode-se concluir que a escrita é uma das formas mais eficientes e fortes de manifestação, comunicação para atingir um objetivo, principalmente se o objetivo for comunitário. Através dos tempos, pode-se notar nos versos musicados, nas crônicas de bons jornais, nos livros de uma forma geral, a própria Bíblia, Novo Testamento, que uma alma escreve pode atingir milhões de outras almas e transformar o mundo sempre para melhor.

Para concluir gostaria de citar um pensamento da grande escritora Cora Coralina:

“Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido a vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”

Fica também aqui o convite para todas as pessoas que admiram a arte de escrever, os amantes da literatura e artes em geral para que participem de nossas reuniões na Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro”, realizada toda quarta-feira, as 20:00hs no prédio do Museu e Biblioteca Municipal.

Março de 2012

JOÃO BATISTA ROZON (PRESIDENTE)

terça-feira, 28 de maio de 2013

Casa do Escritor e Projeto Guri convidam a todos para prestigiar homenagem a Vinicius de Moraes

O ano de 2013 tem um sabor especial para a história da Casa do Escritor Pinhalense "Edgard Cavalheiro", que em março completou quinhentas reuniões, e para a arte brasileira, que celebra em outubro o centenário de um dos seus maiores gênios: Vinicius de Moraes. Nascido no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913, Vinicius de Moraes possui uma vasta obra nos mais variados segmentos artísticos, incluindo a literatura, o cinema e principalmente a música. Foi compondo e cantando, em parcerias inesquecíveis, que Vinicius ficou conhecido e reconhecido no Brasil e no exterior.

Devido a importância de Vinicius para o cenário artístico nacional, a Casa do Escritor receberá crianças e adolescentes do Projeto Guri para apresentar duas palestras sobre a história do poeta, falecido em 1980, e também da própria instituição, fundada em junho de 2000. Mediadas pelo escritor e professor Paulo Romão, as palestras acontecerão na próxima quarta-feira, 29, no prédio da Associação Cultural Antônio Benedicto Machado Florence em dois períodos: manhã, a partir das 8h30; e tarde, a partir das 14h.

Com atividades em Espírito Santo do Pinhal desde 2006, o Projeto Guri é um projeto socioeducativo com objetivo de ministrar cursos de iniciação e teoria musical. Atualmente é coordenado por Thaís Rozon, que participa da organização do evento realizado em parceria com a Casa do Escritor.

O evento em homenagem a Vinicius de Moraes acontecerá poucas semanas antes da apresentação de Toquinho, grande parceiro de Vinicius, no Theatro Avenida, em 22 de junho. O espetáculo, também em homenagem ao músico e poeta, é mais uma atração do Circuito Cultural Paulista, que já proporcionou inúmeros espetáculos a população pinhalense.

Foto: Divulgação

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Arquivo 1# - Edgard Cavalheiro

Foto de Edgard Cavalheiro na Fazenda Palmeiras durante um jantar em sua homenagem.

Foto: Arquivo da Casa do Escritor

terça-feira, 14 de maio de 2013

Homenagem ao Poeta Professor Agostinho Ferreira

ANTONIO AGOSTINHO FERREIRA foi um grande professor, poeta, e incentivador da leitura, contribuindo muito com a educação e a cultura de nossa cidade e região, e um poeta e professor nunca morrem, tornam-se imortal pelas suas obras e pela educação transmitidas aos alunos e com todos da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro”, onde foi um frequentador assíduo, participando sempre das atividades, ora apresentando seus trabalhos, ora interpretando e declamando. Ele pertence à galeria dos grandes homens que de uma forma ou de outra cumpriram sua missão, no trabalho, na família e na sociedade.

O professor Agostinho, prestou grandes serviços às entidades de nossa cidade, contribuindo com o seu trabalho sempre voluntário e também materialmente, preocupando-se sempre em ajudar todos que precisavam, quer seja trabalhando ou com seus sábios conselhos.

“A poesia eleva o espírito de quem lê e ameniza a alma de quem compõe.”, como dizia nosso saudoso Andantino Salveti em seu livro “Recanto em Sonhos”.

Homem de caráter, mesmo depois de aposentado, dedicou-se integralmente à família, e a todo tipo de trabalho que aparecia, e à poesia como se fosse algo que estava guardado dentro de seu coração acumulado ao longo de seus merecidos anos de existência.

Assim, como já bem colocou o nosso saudoso amigo “De Silva Costa”, poeta e jornalista, popularmente conhecido como Xina Costa, logo na introdução do livro “Recanto em Sonhos”, “... Para se revelar um poeta, com muita inspiração e vontade de versejar, não há idade”.

Professor Agostinho dizia sentir-se sempre jovem, realizado pelos trabalhos, e sempre bem humorado, em seu mundo aparentemente mais tranquilo, sonhador, observador e sempre prestativo, parecia viver realmente envolto em versos e num mundo de santidade, nos transmitindo sempre a Paz, Sabedoria e sempre uma oração a quem precisava. A solidariedade era à base de sua pessoa, um verdadeiro Cristão, exemplo a ser seguido por todos.

Além compor versos em poesia, citando amigos, homenagens, ou simplesmente inspirando-se na natureza, adorava relembrar seu trabalho como educador e sua experiência nos lugares em que trabalhou. Não era limitado, sempre aceitava a missão de fazer, inclusive até interpretou certa vez na Casa do Escritor juntamente com Júlio Sbarrais e o Sr. Pedro Ferriani, a Peça “Os Cardeais”, brilhantemente.

Certamente fará muita falta para todos nós, mas tornou-se imortal pelas suas obras, suas palavras estão gravadas em nossos corações.

Professor Agostinho, que Deus ilumine e recompense sua Alma por todo bem e tudo de bom que o senhor fez por todos nós, fomos privilegiados em tê-lo em nosso meio.

E para encerrar, gostaria de reproduzir os versos da Poesia que ele fez em homenagem a sua irmã, quando se seu falecimento “Edna, minha irmã”, que me presenteou na quarta feira, (três dias de seu falecimento), onde certamente embora não sabíamos, mas ele já estava se despedindo de nós da Casa do Escritor, onde tivemos na sua casa fazendo nossa reunião, já que ele não podia mais andar, e fizemos inclusive a sua última entrevista, que guardaremos como lembrança, suas doces palavras de incentivo e afeto por todos nós.

“Ninguém sabe o amanhã, minha irmã.
Pois, por Deus está tudo escrito.
Felizes seremos um dia, abraçados,
Entre cânticos, nas belezas do infinito.”

JOÃO BATISTA ROZON (PRESIDENTE)

domingo, 12 de maio de 2013

Entrevista 2# - Antônio Agostinho Ferreira

Durante a última reunião da Casa do Escritor Pinhalense "Edgard Cavalheiro", realizada na noite do dia 07, os membros presentes se dirigiram à casa de Antônio Agostinho Ferreira, um dos membros-fundadores da instituição, que se encontrava doente. A intenção era visitá-lo e mostrar o quanto sua presença era fundamental para a história da Casa do Escritor. No entanto, no sábado, 11, recebemos a triste notícia de que ele havia falecido após passar mal em sua residência.

Ainda durante a visita no dia 07, foi realizada uma entrevista com Antônio Agostinho, um homem que deve servir de exemplo; um homem que proporcionou um sentimento de renovação a todos que estavam presentes.

Com suas poucas palavras, professor Agostinho, como era carinhosamente conhecido, já muito debilitado e ainda assim com um sorriso no rosto e uma voz serena, proporcionou uma noite agradável e de muitos ensinamentos. Ensinamentos que serão eternos. A entrevista realizada com exclusividade para o blog da Casa do Escritor Pinhalense "Edgard Cavalheiro" seria a primeira parte de uma homenagem que estava sendo preparada para os próximos dias. Infelizmente Agostinho não poderá ver o quanto a instituição é grata por tudo o que realizou nesses quase treze anos de história, porém a homenagem, ainda que póstuma, será feita com muito carinho, começando com a seguinte entrevista:

Foto: Loriane Salvi
Casa do Escritor - Como que o senhor se definiria?
Antônio Agostinho - Pelos meus 83 anos de idade, com a graça de Deus, ainda me defino assim como se eu fosse um jovem, desculpa a expressão. Eu gosto de trabalhar. Eu trabalhei sempre, e o que ajuda o homem a andar para frente é de fato o seu trabalho, porque sem trabalho nada se faz. O trabalho engrandece a pessoa e isso é muito importante.
Eu aqui, eu ando com um andador, mas aquilo que eu posso fazer, eu faço de bom coração e com a graça divina de Deus.

Casa do Escritor - O que significa a literatura na vida do senhor?
Agostinho - A literatura é tudo, né? É tudo na vida a literatura. A literatura engrandece o espírito da gente. Porque a gente precisa saber ler, vamos dizer, ela melhora cada vez mais o nosso espírito, a leitura engrandece. A leitura engrandece.

Casa do Escritor - E a Casa do Escritor, o que significa?
Agostinho - A Casa do Escritor, vamos dizer assim, o meu pensamento... Apesar que não estou podendo ir lá (nas reuniões), mas é uma joia que jamais se desapareça, porque ali tem pessoas que sabem trabalhar e pôr pra frente então tudo o que se passa durante os livros, principalmente. Porque o livro, além de ser um passatempo, ele instrui, o livro instrui, ele aumenta cada vez mais a nossa capacidade de ser, de ser na vida, porque quem não lê, não tem conhecimento de nada. Então é necessário que a pessoa saiba ler, e compreender os assuntos.

Casa do Escritor - Quando o senhor pensa na Casa do Escritor, qual a primeira lembrança que vem na sua mente?
Agostinho - Foi quando começamos a ir na Casa Paroquial, e começamos ali a Casa do Escritor. Então a gente tá junto com o João, porque nós somos os fundadores da Casa do Escritor.

Casa do Escritor - Qual seria a mensagem que o senhor gostaria de passar pra cada um dos membros?
Agostinho - A minha mensagem é que continue trabalhando pela Casa do Escritor, que continuem fazendo seus trabalhos,  porque quanto mais se escreve, mais vai melhorando o seu ponto de vista.
No teu universo de amizades
Deixastes bela e vasta recordação
Não carregaste vaidades,
Permaneceste no bem, em tua provação
Antônio Agostinho no poema "Edna, Minha Irmã" (10/12/1994)

domingo, 5 de maio de 2013

2º Clube do Livro "Edgard Cavalheiro" - O que você anda lendo?

O que você anda lendo? Essa pergunta é frequentemente usada em grupos de leitores, porém também serve como um lema do Skoob, uma espécie de rede social destinada ao público leitor. Fundado em 2009, o Skoob (Books ao contrário) permite uma interatividade entre leitores e escritores iniciantes, que aproveitam as ferramentas disponibilizadas para troca de opiniões, discussões ou simplesmente divulgações. Foi o que aconteceu no 2º encontro do Clube do Livro "Edgard Cavalheiro", realizado na noite de sábado, 04, no prédio da Associação Cultural Antônio Benedicto Machado Florence.

O encontro se iniciou por volta das 20h com um breve levantamento dos leitores no Brasil, que segundo pesquisa realizada recentemente, são representados por pouco mais de 55% da população. O número é baixo, porém não se compara a média de livros lidos ao longo de um ano: apenas 4,7. Com a intenção de realizar a média entre os presentes, que resultou em 5,6 livros em um mês, os participantes apresentaram a quantidade de livros lidos e em seguida divulgaram a obra lida nas últimas semanas que mais merece destaque.

Do clássico ao contemporâneo. O encontro reuniu estilos e épocas diferentes, começando pelo clássico da literatura brasileira Memórias de Um Sargento de Milícias, escrito por Manuel Antônio de Almeida e publicado em folhetins entre 1852 e 1853. Ao comentar sobre a obra, a leitora Ana Paula Ricci ressaltou o estilo descontraído do autor e a importância da obra, que não foge da atual realidade da sociedade brasileira. Após a apresentação do livro, ficou decidido que em breve Memórias de Um Sargento de Milícias também será discutido no Clube do Livro.

Uma das obras que mais chamaram a atenção no encontro foi Unhas, de Paulo Wainberg e lançado pela editora Leya. Narrando a história de um assassino que elimina paixões proibidas, o livro possui um teor pessimista e focos narrativos diferentes em cada uma de suas fases.

Também lançado pela editora Leya, A Morte da Luz, primeiro livro do aclamado escritor George R. R. Martin, foi lembrado e divulgado como uma obra surpreendente. Diferente de As Crônicas de Gelo e Fogo, que reúne as obras mais conhecidas do autor, A Morte da Luz é uma obra de ficção científica que narra uma história de amor inusitada, onde todos os personagens envolvidos em um "quadrado" amoroso buscam diferentes objetivos.

Saindo da ficção, foram apresentadas duas obras que mostram a realidade do jornalismo no Brasil: História Cultural da Imprensa (1800-1900), revelando dificuldades e detalhes sobre a imprensa no século XIX, e Showrnalismo - A Notícia como Espetáculo, que aponta casos em que a notícia deixou de ser apenas informação e se tornou algo parecido com capítulos de uma novela.

Depois de outras obras terem sido apresentadas, o escritor Edgar Allan Poe, um dos maiores gênios da literatura mundial, também foi lembrado. Paulo Romão comentou sobre as séries Contos de Edgar, de Fernando Meirelles, e The Following, criada por Kevin Williamson, ambas baseadas no trabalho de Allan Poe. Na sequência comentou sobre o conto O Barril de Amontillado, publicado em 1846.

Para encerrar o encontro, foi realizado o sorteio do livro Sonhe Mais, de Jai Pausch, e ficou decidido que o próximo encontro acontecerá no próximo dia 25 e terá como tema o livro O Cortiço, de Aluísio Azevedo, romance frequentemente cobrado em vestibulares.