segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Roteiros Literários - Ler Guimarães Rosa no Cerrado

Que tal fazer um breve curso de leitura e escrita criativa em ambientes que envolvem grandes obras da literatura?

O destino de estreia é Minas Gerais, com um pacote de três dias, incluindo passagem aérea, hospedagem em hotel de charme no cerrado mineiro, passeios a Cordisburgo e à Gruta de Maquiné, 5 refeições e – o principal diferencial – um workshop de leitura e escrita criativa a partir de contos de João Guimarães Rosa.

A mediadora do workshop de estreia, Ler o Rosa no Cerrado, é a roteirista Julia Alquéres, responsável pelos nossos módulos de Leitura Atenta & Escrita Criativa. “Todo dia teremos um tempo para ler contos, conversar sobre técnica literária e escrever”, conta Julia.

Roteiro Literário: Ler o Rosa no Cerrado
Data: de 18 a 20 de novembro de 2013

Inclui: passagem aérea, traslados, hospedagem com café da manhã, 3 almoços e 2 jantares, 3 coffee breaks, workshop sobre técnica literária, kit de textos literários, visita a Cordisburgo e Gruta de Maquiné, cartão de assistência GTA/Plano Plus e bolsa de viagem Flot.

1º dia - 18/11 (segunda): Apresentação no aeroporto de Guarulhos para embarque com destino a Belo Horizonte. Chegada ao aeroporto de Confins, traslado a Inhaúma e hospedagem no Hotel Águas do Treme. Almoço no hotel. Tarde livre para descanso ou atividades no SPA (serviços não incluídos). Jantar no hotel. Às 21h: primeira roda de leitura e escrita criativa.

2º dia -19/11 (terça): Café da manhã e tempo livre para desfrutar da piscina ou de atividades no SPA (serviços não incluídos). Almoço no hotel. Após almoço, saída para visita à Gruta de Maquiné e Cordisburgo, onde visitaremos o Museu Casa de Guimarães Rosa e assistiremos à apresentação do Grupo de Contadores de História Miguilins. Retorno ao hotel no final da tarde. Jantar no hotel. Às 21h: segunda roda de leitura e escrita criativa.

3º dia -20/11 (quarta): Café da manhã. Às 10h30: terceira roda de leitura e escrita criativa. Almoço no hotel. À tarde, traslado para Belo Horizonte e embarque no aeroporto de Confins, com destino a São Paulo.

Preços:  Suíte Luxo Dupla: R$1.860 / Suíte Máster Dupla: R$2.020.

Para mais informações acesse www.tapuato.com.br ou visite a agência na Rua Vigário Montenegro, 450 - Centro de Espírito Santo do Pinhal-SP.

domingo, 25 de agosto de 2013

Sem Pudor

Não te chamaria
Pra ser um expectador
Do lado triste da vida

Não te olharia
Pra ter pudor

Eu te buscaria
Pra oferecer toda
A extensão do meu amor.

M. DORAH

sábado, 24 de agosto de 2013

Cantora Anna Setton concede entrevista ao blog Over Shock

Confira abaixo a entrevista realizada pelo blog Over Shock, em parceria com o blog da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro”, com a cantora Anna Setton, durante a I Semana Edgard Cavalheiro:

Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Ricardo Biazotto (Over Shock)Anna, gostaria que você comentasse um pouco sobre sua carreira e como você iniciou na música.
Anna Setton – Olha, eu iniciei na música, de maneira amadora, na adolescência. Eu comecei a tocar violão, a fazer aulas de canto, e comecei a gostar mais, cada vez mais, fui me apaixonando, me aprofundando e quando eu tinha uns vinte e poucos anos que eu realmente falei: “Não, eu quero seguir profissionalmente com a música”. E aí comecei como todo mundo começa: monto um grupo de samba, comecei com um grupo menor, grupo de samba-choro, aí começamos a fazer e já vai fazer quase dez.

Ricardo Biazotto (Over Shock)Quando foi seu primeiro contato com Vinícius e quando foi que esse contato ganhou um estreitamento maior?
Anna – Eu sempre ouvi em casa, meus pais gostam de música, tocam um pouco – não são profissionais, mas tem uma paixão, assim, mais séria com a música e sempre ouvi Vinícius através de parceiros dele todo, então desde pequena eu ouço Vinícius. Quando eu comecei a cantar e tocar sempre tiveram canções do Vinícius no meu repertório. Então é muito fácil fazer esse show, porque tudo isso eu já cantava, mas eu tive reunir e montar. E agora trabalhando com o Toquinho ainda, me aproximei mais de tudo, de histórias pessoais, da vida dele, de comentários de como ele era, na vida intima, então tive essa visão mais de dentro.

Ricardo Biazotto (Over Shock)Como você vê a importância de uma semana literária, como a Semana Edgard Cavalheiro, abrir portas para um tributo a Vinícius de Moraes?
Anna – Ah, eu acho muito bom. Eu acho que música sempre alegra o coração das pessoas, inspira as pessoas, e no caso Vinícius como poeta, escritor, tem tudo a ver com uma semana literária e cultural. Acho também esse centenário dele esse ano um ótimo motivo pra gente estar lembrando ele e também é um grande prazer poder vir pra cá, fazer parte desse evento, e cantar o Vinícius.

Ricardo Biazotto (Over Shock)Durante os shows existem vários momentos emocionante para o público, mas para a Anna qual o momento mais emocionante?
Anna – Eu acho que todos os momentos são emocionantes, porque quando você está cantando ali de verdade, quando está querendo chegar, atingir as pessoas, você está cantando aquela letra, com a emoção certa pra dizer para as pessoas aquilo que você está dizendo. Eu acho que o público se identifica muito com “Eu sei que vou te amar”, com “Chega de saudade”, com canções que tem um lirismo assim mais acentuado, mas não que os sambas, que as coisas alegres e de exaltação não emocionem, mas é um outro caminho, né?

Ricardo Biazotto (Over Shock)Essa é a segunda vez que você vem para Pinhal em poucos meses. Como você se sente recebendo esse convite novamente após tocar ao lado de Toquinho?
Anna – Ah, me sinto muito honrada porque as pessoas gostaram da minha presença, gostaram da minha surpresa na primeira vez e fico muito feliz. É um grande prazer, esse teatro é uma graça, o som é ótimo, o público é muito carinhoso, então é sempre bom.

Ricardo Biazotto (Over Shock)E sobre seus futuros projetos na música?
Anna – Eu pretendo agora, ano que vem, gravar um disco meu, que já está em fase de pré-produção, já estamos pensando em um repertório, procurando tudo isso. Antes eu vou gravar um disco com Toquinho, violão e voz que ele me convidou, que era um projeto que ele pensava já há muitos anos fazer de tocar canções antigas, brasileiras, que emocionam ele, que vão bem no formato violão e voz. E depois que a gente começou a trabalhar ele me convidou pra ser a cantora desse disco, eu claro aceitei, fiquei muito feliz, e acho que a gente vai começar gravar agora nesse semestre. Provavelmente vai sair antes do meu disco.
E vou continuar fazendo shows. Viajando com esse, participando dos shows dele e no Baretto, que é o bar que eu canto em São Paulo, toda semana, de terça a sexta. Vou continuar lá também.

Entrevista publicada em parceria com o blog Over Shock.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Escritor Luiz Ruffato concede entrevista ao blog Over Shock

Confira abaixo a entrevista realizada pelo blog Over Shock, em parceria com o blog da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro”, com o escritor Luiz Ruffato, durante a I Semana Edgard Cavalheiro:

Ricardo Biazotto (Over Shock)Já há algum tempo eu sigo sua página no Facebook e a primeira coisa que despertou o meu interesse foi quando você postou sobre a Igreja do Livro Transformador. Eu pesquisei sobre o assunto e achei uma coisa bem interessante, então eu gostaria que você comentasse sobre a ideia desse projeto e o por que dele.
Luiz Ruffato – Bom, essa ideia nasceu na verdade é uma brincadeira, nasceu de uma brincadeira, mas é uma coisa digamos assim, séria, porque eu sempre quando ia nas palestras e tudo eu contava um pouco como é que foi a minha chegada na literatura, quer dizer, foi uma coisa absolutamente episódica e por acaso. Eu sempre brincava no final que o livro tinha salvado a minha vida, que esse livro abriu pra mim um horizonte que estava completamente fora da minha perspectiva naquele momento. Aí tem um amigo meu, que é o editor e diretor do Jornal Rascunho de Curitiba, ele sempre brincava comigo falando assim: “Isso aconteceu comigo também e tal”. E aí o pessoal falava: “Vocês parecem dois pastores, por que vocês não abrem uma igreja?”. Bom, enfim, aí o tempo passou e eu continuei fazendo essa brincadeira, continuei então dizendo sozinho que era um pastor, que tinha uma igreja e tudo, e aí uma outra vez eu estava em Curitiba e falando essas mesmas coisas, e no final uma menina chegou perto de mim, a Emanuela Siqueira, e falou assim: “Vamos abrir a igreja”. Eu falei: “Como assim?”. Ela falou: “Não, estou te falando sério. Eu apoio, eu faço uma página, eu faço Facebook e tal, eu só preciso da sua autorização”. “Imagina, você tem toda autorização”. Mas eu não levei muito a sério aquilo. Não é que ela abriu, e ela mantém, é uma coisa bacana, muito bacana. É uma coisa semi-profissional que ela faz, então eu a nomeei bispa mundial (risos) e nossa igreja tem a sede mundial em Curitiba. Eu sou só o presidente honorário da igreja.

Ricardo Biazotto (Over Shock)No depoimento que você dá falando sobre isso, você cita que dizem que o brasileiro não lê, mas eles não foram apresentados aos livros. Recentemente o colunista da Época, Danilo Venticinque, escreveu um texto chamado “O Brasileiro não lê”, ironizando essa frase que é muito usada, mas ele cita no final que não adianta repetir sempre a mesma coisa e não fazer nada para mudar essa realidade. O que o Ruffato faria para mudar essa realidade que infelizmente acontece no Brasil?
Ruffato – Olha, eu creio que assim, não existe institucionalmente um trabalho no sentido de promover o livro e a leitura no Brasil. Existe pontualmente, mas não uma coisa séria. E aí não é este governo. Nenhum governo até hoje fez qualquer trabalho no sentido de dar, de promover o livro e a leitura. O que a partir do governo Lula tem sido feito, aí de uma maneira até bastante importante, é através das compras governamentais, do Plano Nacional de Bibliotecas Escolares, é comprar livros e colocar na escola. Isso já é um avanço incrível. Por quê? Porque uma coisa é você não ter nenhum livro na biblioteca, e você não vai ter nenhum leitor, evidentemente. Outra coisa é você ter livros. Significa que vai ter leitor? Não sei. Mas pelo menos você pode ter leitor, na outra opção não tinha nenhuma possibilidade de ter leitor. Então assim, isso é um fato. Agora, isso sozinho não ajuda. Eu acho que cada um de nós tem um papel importante nesse processo. Eu tenho feito, o que me é possível. Escrevo sobre isso, falo sobre isso, todos os lugares que eu vou conto a minha história, que é uma história emblemática no sentido de como o livro transformou a vida de alguém, então assim: eu acho que eu tenho feito o que o possível. É muito? Não, é pouco. Muito pouco, mas é o que eu posso fazer.

Ricardo Biazotto (Over Shock)Mudando um pouco de assunto... Recentemente você ganhou o Prêmio Casa de las Américas. Eu gostaria que você comentasse sobre o seu sentimento ao ser premiador com uma premiação tão importante.
Ruffato – Eu já ganhei vários prêmios. Ganhei o Machado de Assis, APCA, Jabuti, Casa de las Américas, e eu digo a mesma coisa pra você: assim, prêmio na vida de um escritor, talvez na vida de um artista, ele é uma coisa por acaso. O fato de ter ganhado o Prêmio Casa de las Américas, por exemplo, neste ano, significa apenas que as três pessoas do júri gostaram do meu livro. Se fosse três outras pessoas talvez gostassem de outro livro. Então assim, não estou menosprezando evidentemente, muito pelo contrário, eu sinto uma felicidade incrível, mas eu sei exatamente o peso que se tem. É muito relativo. Então assim, o fato de eu ter ganhado o prêmio este ano não significa que é melhor livro publicado no ano passado, o que seria bobagem e até estupidez da minha parte. Significa apenas isso: que aquelas três pessoas que estavam lá gostaram do livro, me deram o prêmio, eu fiquei felicíssimo, é importante para mim como escritor. O livro sai agora em setembro lá em Cuba, também é importante por causa disso, mas, enfim, eu recebo essas premiações com felicidade, evidentemente, mas também com a humildade de saber que isso não significa muito além do que isso, mais nada.

Ricardo Biazotto (Over Shock) E como o senhor vê o atual cenário literário do país?
Ruffato – Eu acho interessante. O que eu quero dizer com isso? Eu acho o seguinte: tem uma diversidade muito grande. O mercado permite que hoje você tenha um leque de escritores escrevendo coisas completamente diferentes uns dos outros, podendo falar sobre o que quiserem e da maneira que quiserem. Então isso é um dado, digamos assim, fundamental para você ter uma literatura de expressão. Agora se disso, desse momento que nós estamos vivendo, que eu acho o momento mais interessante da literatura brasileira de todos os tempos, se disso vai sair alguma de qualidade ou não? Não sei! Inclusive duvido que alguém saiba, porque quando você está fazendo história, você está fazendo história, então seria ridículo, por exemplo, alguém durante a Revolução Francesa: “Ah, nós estamos fazendo a Revolução Francesa”. Não, você não sabe o que está fazendo. Você está fazendo. Então, vai ficar disso alguma coisa? Sim, certamente vai. É muita coisa? Não sei. Esse momento é mais importante do que os outros momentos? Também não sei. Eu acho que, do ponto de vista da diversidade, sem dúvida é o momento mais interessante. É o que, da literatura brasileira, é o momento que você tem um leque maior de vozes falando, então isso já é um ponto, pra mim, importantíssimo, fundamental.

Ricardo Biazotto (Over Shock)É possível viver de literatura no Brasil?
Ruffato – Não sei, eu vivo, há dez anos. Há dez anos, em 2003, eu larguei o meu emprego, eu era secretário de redação do Jornal da Tarde em São Paulo, quando eu larguei do meu emprego eu falei que iria me dedicar a literatura os meus amigos falaram “você ficou louco!”. Mas não sei, eu vivo, não sou um nababo, mas também não vivo miseravelmente, mas eu trabalho muito. Eu trabalho muito! Então assim, não sei se é possível viver de literatura no Brasil, eu digo pra você assim: eu vivo. Se eu vivo, eu acho que um monte de gente pode viver. Não acho que seja um fenômeno, eu acho que é uma coisa natural. Eu acho que tem um monte de gente hoje vivendo de literatura. Quando eu comecei em 2003 não, em 2003 eram poucas pessoas que faziam isso, talvez naquele momento eu era possivelmente eu era o único a viver de literatura, que vivia exclusivamente de literatura, ou seja, não era colunista de jornal, não era jornalista, não fazia roteiros de televisão e nem cinema, ou seja, exclusivamente aquilo eu acho que era o único. Hoje tem bem mais pessoas.

Ricardo Biazotto (Over Shock)Recentemente você veio a Pinhal participar do Pin Pin de Literatura e agora voltar para participar da Semana Edgard Cavalheiro. Qual o seu sentimento em relação a isso?
Ruffato – Olha, assim, as relações que você estabelece em sua vida, as que sobrevive são sempre as afetivas. E por que eu vim a primeira vez aqui? Porque o Moacir Amâncio, que é um grande amigo meu, trabalhamos juntos no jornal O Estado de São Paulo, que é um grande intelectual, um grande poeta, ele foi fundamental para que eu viesse naquela primeira semana. Na época ele me convidou, eu evidentemente que vim por causa dele, e chegando aqui eu encontrei outras pessoas que moram aqui, que fazem um esforço imenso para dar um verniz cultural à cidade, então também se cria laços afetivos, enfim. No ano passado, se não me engano, eu tinha quase vindo de novo aqui, só que não calhou, eu tinha uma viagem provavelmente, não lembro exatamente pra onde, mas eu tinha uma viagem. E aconteceu que este ano me convidaram de novo, eu falei “Evidente que eu vou”, porque eu acho, primeiro por essa razão afetiva, e segundo porque eu acho que o nosso papel intelectual também é esse: é de que se você pode dar alguma contribuição pra uma discussão mais ampla, uma reflexão, você tem que fazer isso. É uma obrigação.

Entrevista publicada em parceria com o blog Over Shock.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Homenagens encerram a primeira Semana Edgard Cavalheiro

Para encerrar a semana recheada de muitas atividades visando o resgate da memória de Edgard Cavalheiro, o último dia da Semana Edgard Cavalheiro aconteceu em uma manhã fria de domingo marcada principalmente por homenagens.

A primeira atividade da manhã foi a exibição do documentário Edgard Cavalheiro – Vida e Obra. Produzido devido a uma parceria entre o UniPinhal e a Casa do Escritor Pinhalense Edgard Cavalheiro, o documentário, distribuído gratuitamente em 500 cópias ainda no início da semana, tem a intenção de mostrar a brilhante trajetória de Cavalheiro desde o seu nascimento, em Pinhal, até o falecimento em São Paulo. O documentário possui ainda depoimentos e imagens históricas que engrandecem a bonita história desse ilustre pinhalense.


Reflexões e metáforas marcam a leitura da peça “O Rei, o Rato e o Bufão do Rei”
Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Escrita pelo escritor romeno Matei Visniec, a peça “O Rei, o Rato e o Bufão do Rei” narra uma história recheada de reflexões sobre política, formas de governo e principalmente a busca pelo poder. Com apenas dois personagens, a peça possui algumas características marcantes, no entanto também pode ser considerada uma peça confusa.

Com uma leitura dramática realizada pela Cia. de Espetáculos Viva Arte, e comentários do escritor pinhalense Moacir Amâncio, a peça foi apresentada ao público presente que não precisou se esforçar para perceber as metáforas incluídas por Visniec em seu texto.

Devido a sua complexidade, a peça pode ser interpretada de diversas formas, mas para Valéria Torres, pró-reitora do UniPinhal e uma das organizadoras da Semana Edgard Cavalheiro, “o texto mostra que as coisas não têm sentido e que as coisas se repetem”, disse durante breve bate-papo realizado após a peça

Já em entrevista, o escritor e tradutor Moacir Amâncio, que sugeriu que a leitura dessa peça fosse realizada durante o evento, disse que a peça “permite uma reflexão sobre o poder, sobre a história e também sobre nosso comportamento particular; de cada um”. “Então é um texto muito rico e eu fiquei muito contente com a aceitação da sugestão e com a realização do pessoal”, completou.

Moacir ainda comentou sobre o que motivou a sua sugestão: “Minha ideia é trabalhar uma forma de divulgação do teatro, de um modo rápido, dinâmico e de baixíssimo custo, ou seja, custo quase nenhum. E é um intermediário entre a leitura particular, privada do texto, e o espetáculo que pode ser montado ou não”.

Homenagem a um dos grandes responsáveis pela criação da Semana Edgard Cavalheiro
Desde que houve a primeira oportunidade de realizar um evento em homenagem a Edgard Cavalheiro em Espírito Santo do Pinhal, Moacir Amâncio, tradutor de Gol de Esquerda, foi um dos grandes responsáveis pela organização e divulgação do evento, sobretudo na capital paulista.

Ainda na primeira oportunidade, no Pin Pin de Literatura de 2010, ele convidou escritores para participarem do evento, que aceitaram de prontidão graças ao respeito e admiração que conquistou ao longo dos anos. Isso se repetiu nas duas edições seguintes e também na Semana Edgard Cavalheiro, por isso a ideia de homenageá-lo de maneira simples, porém sincera.

“Considerando que é um pinhalense que mora em São Paulo e que se dispõe sempre a comparecer e nos ajudar, nada mais justo do que prestarmos esta homenagem a ele”, revelou João Batista Rozon, idealizador da Semana Edgard Cavalheiro e grande amigo de Amâncio.

Durante a homenagem, João Rozon entregou uma placa ao escritor, demonstrando assim a gratidão que a Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro” e todos os organizadores do evento têm por esse importante nome de nossa cidade. Já a historiadora Valéria Torres, que pesquisou sobre o passado de Moacir em Espírito Santo do Pinhal, o entregou um presente com documentos históricos de sua vida.

João Rozon ainda brincou contando uma história da infância de Moacir, que na ocasião pediu para que o irmão e um amigo caçassem uma coruja na torre da igreja Matriz. Impressionado com a descoberta do amigo, Moacir disse se arrepender até hoje.

O escritor homenageado também disse não achar que merece homenagem, mas que isso não é falsa modéstia. “A homenagem ela se torna significativa quando ela vem com uma emoção, com uma sensibilidade, uma sutileza, como aconteceu aqui agora”, disse. “Eu fiquei muito tocado porque foi feita uma pesquisa pela professora Valéria que descobriu o meu passado condenável de estudante na Escolinha de Comércio. Só faltou pegar o meu boletim no Batista Novaes, que esse é mais vergonhoso ainda”, brincou antes de dizer que a homenagem foi muito tocante.

Cia. Viva Arte apresenta a peça O Auto da Compadecida e Moacir Amâncio lança o Prêmio Nacional Edgard Cavalheiro
Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Já no fim da manhã, após a homenagem a Moacir Amâncio, a Cia. Viva Arte aproveitou para fazer o lançamento oficial da peça O Auto da Compadecida, que será apresentada no próximo dia 31, também no Cine Theatro Avenida.

Sobre a peça, Ana Tereza Castro Leite, presidente da Associação Amigos do Theatro Avenida (AATA), contou em entrevista realizada na última sexta-feira, 16, que Ariano Suassuna, autor da peça, “recebeu o pessoal da Cia. na última Flip em Poços, autorizou inclusive a encenação do Auto e gostou de O Rico Avarento, que nós levamos para ele”. “Eu espero que todos gostem. Eles trabalharam muito, estão desde começo do ano nos ensaios preparativos, cenários e figurino. Está bem bonito, bem legal. Tomara que dê certo e que eles consigam trazer para o teatro os vários públicos da nossa cidade, não só o pessoal da área central, mas o pessoal também das áreas mais periféricas, os alunos, as escolas, porque essa é a nossa intenção”, completou.

Na sequência, representando todos os organizadores, o escritor Moacir Amâncio lançou oficialmente o Prêmio Nacional Edgard Cavalheiro, que terá toda uma organização nos próximos meses para que, na próxima edição da Semana Edgard Cavalheiro, sejam entregues os prêmios nas mais diversas categorias. O escritor também comentou sobre a criação do prêmio em homenagem a Edgard Cavalheiro: “É preciso batalhar muito pra que se preserve os nomes dos autores, mas antes do nome dos autores é preciso que se criem modos de incentivar a leitura e fazer com que a leitura volte a fazer parte de uma certa forma do dia-a-dia das pessoas”. “Toda iniciativa que se volte para a divulgação da cultura, a divulgação da leitura, divulgação do pensamento e das ideias e o debate delas é importante. E deve ser levado em frente, com maior garra, maior atenção, cuidado e responsabilidade”, completou.

Assim se encerrou a primeira Semana Edgard Cavalheiro, um evento recheado de atrações visando não apenas divulgar a vida e a obra de Edgard Cavalheiro, mas principalmente difundir o gosto pela cultura do pinhalense de um modo geral. E segundo a diretora do Departamento de Cultura e Turismo de Espírito Santo do Pinhal, Rosa Cavagnolli, “o saldo foi muito positivo”. “Eu faço uma avaliação positiva, mas ao mesmo tempo que a gente tem um longo caminho pela frente ainda na questão de formação de público. A gente nota que as pessoas têm uma dificuldade. Não tem a cultura mesmo, a vontade de sair de casa pra assistir uma palestra no fim de semana”, disse.

Rosa ainda comentou sobre a próxima edição do evento, dizendo que “cada ano você vive um momento diferente em sua cidade, em seu país” por isso haverá sempre novas atrações e novidades para os próximos anos.

Matéria publicada em parceria com o blog Over Shock.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Palestras, lançamentos de livros e apresentações culturais no penúltimo do evento

No último sábado, 17, três palestras movimentaram o penúltimo dia da Semana Edgard Cavalheiro. Além disso, lançamentos de livros e apresentações culturais também fizeram parte da programação.

Cordel: Uma literatura próxima do povo
Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Ainda na infância, a literatura de cordel é apresentada para as crianças, no entanto poucas pessoas seguem com o hábito de apreciá-la. Segundo o cordelista Paulo Barja, primeira atração do dia e idealizador do projeto Cordéis Joseenses, o cordel é uma ponte entre a literatura e a música. “É uma literatura muito oral. Uma literatura pra gente ler em voz alta. É um jeito de falar que ao mesmo tempo que tem a poesia presente, é muito próximo do cotidiano e do popular. Assuntos do cotidiano, do dia-a-dia podem virar cordel. É uma poesia simples, uma poesia acessível que é inclusive a razão principal pela qual me encantei”, disse em entrevista realizada antes de sua palestra.

Sobre a procura da literatura de cordel, Paulo revelou que havia uma procura muito grande no século XX, em especial nas décadas de 40 e 50, e que ainda hoje esse tipo de literatura é muito vendida, apesar da existência de cordéis virtuais.

Já em relação ao projeto Cordéis Joseenses, o cordelista disse que por ser apaixonado por cordel e gostar de escrever, começou a brincar de fazer cordel e se encontrou com esse tipo de arte. “Comecei a fazer os Cordéis Joseenses nesse espírito, também motivado em como fazer uma literatura que pudesse ser acessível também para crianças”.

Paulo Barja, que recentemente participou da Semana do Livro Nacional, disse achar muito importante a iniciativa de Josy Stoque: “A gente quer que se multiplique. É algo que é muito simpático” e completou dizendo que “a união faz a força pra gente: escritores, pessoal jovem produzindo de forma independente. A união faz a força”.

Em sua palestra, Paulo se focou na história do cordel, citando que ele surgiu ainda na Idade Média, no formato de prosa, e que existem diferentes tipos de cordéis espalhados pelo mundo. Segundo ele, o varal em exposições de cordel surgiu em Portugal e atualmente já existem cordeltecas em escolas do país.

Paulo, que iniciou na literatura escrevendo haicais e sonetos, aproveitou sua palestra para também citar o nome de importantes cordelistas brasileiros, como Leandro de Barros, e ler seus próprios cordéis, que posteriormente estavam à venda no hall de entrada do Cine Theatro Avenida.


Um bate-papo sobre Pinhal: a cidade dos sonhos
Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Era pra ser apenas uma palestra, no entanto o escritor pinhalense Alexandre Staut, autor do livro Um Lugar para se Perder, contemplou o fim da tarde de sábado com um descontraído bate-papo.

O início da palestra, intitulada “A Cidade e os Sonhos”, se deu com a leitura de um texto escrito por Alexandre especialmente para a ocasião. Nesse texto, além de agradecer algumas pessoas envolvidas com a Semana Edgard Cavalheiro, Alexandre contou sobre sua vida e seus dois livros: Jazz Band na Sala da Gente e Um Lugar para se Perder.

O autor que usou Espírito Santo do Pinhal como cenário para seus dois primeiros livros, revelou ainda estar trabalhando em uma obra que se passará na Biblioteca Municipal de sua cidade natal, lugar já frequentado pelos principais nomes da literatura da cidade e também cenário de inúmeras lendas.

Ao ser questionado sobre o assunto por uma das pessoas presentes, Alexandre ainda confirmou a sua participação na luta pelo restauro da Biblioteca Municipal, que apesar de estar em funcionamento, não está com um bom estado de conservação.

Motivação para se aventurar em um romance
Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Cadão Volpato é uma figura conhecida por muitos, especialmente por ter sido membro da banda Fellini e apresentador, em duas oportunidades, do programa Metrópolis da TV Cultura. Apesar disso, também se aventurou na literatura e foi esse o assunto de sua palestra já na noite de sábado.

Segundo Cadão, o principal objetivo de sua palestra é motivar as pessoas a também usarem a imaginação para a criação de uma obra literária. Autor do livro Pessoas que Passam Pelos Sonhos, Cadão revelou que sempre sonhou em escrever um romance e não apenas publicar um livro, no entanto muito tempo se passou (e outros livros foram publicados) antes que realizasse esse sonho. “Escrever um romance é criar um universo inteiro e eu não tinha tido essa experiência. O fato de ter conseguido fazer isso, de uma forma mais ou menos rápida, mudou um pouco os parâmetros da minha carreira, sabe? Hoje em dia estou dedicado a escrever como jornalista e romancista. A minha tendência é continuar escrevendo romances, é o que eu quero fazer nos próximos anos”, disse em entrevista.

A entrada de Cadão Volpato no mercado editorial aconteceu ainda na década de 90, no entanto o escritor revelou ter tido muita sorte na época. “Quando eu comecei a publicar, em 95, a cena literária do Brasil, principalmente em São Paulo, era muito fraca do ponto de vista do escritor nacional. Em meados dos anos 90, a Companhia das Letras ainda estava se formando, era um mercado um pouco insípido para o escritor brasileiro. Então eu comecei sem um parâmetro nacional, e isso foi muito legal”.

Ainda sobre o seu primeiro romance, Volpato revelou ter sido um pedido do escritor Luiz Ruffato e que foi escrito em questão de semanas. Ao ser questionado sobre o assunto de seu livro, Cadão Volpato disse que “é um livro que se passa entre 69 e 79 em vários países da América do Sul, tomando São Paulo como base. É a história de um arquiteto meio distraído, um sujeito meio avoado, que vai indo para os lugares, viaja pelos lugares, sempre com um pretexto: ele ouviu falar que La Paz é uma cidade bonita. Ele vai até La Paz. Ele faz um circuito que acaba dando num lugar chamado “Hotel no Fim do Mundo”, que é um hotel na Patagônia, e antes de chegar no hotel ele conhece um taxista em Buenos Aires de quem ele fica amigo instantaneamente. Então é a história dessa dupla”, revelou.

Durante a palestra houve não apenas um relato sobre sua história e sua obra, assim como aconteceu durante a entrevista, como também comentários sobre livros e autores que o inspiraram em seu trabalho literário. Devido a presença de Moacir Amância na plateia, em inúmeros momentos Volpato conversou com o escritor pinhalense, outro especialista da literatura.

Volpato disse ainda que “se você faz o que quer, isso é o resultado de si mesmo”, antes de revelar que a intuição é fundamental em qualquer tipo de arte, em especial a literatura.

Para encerrar sua apresentação, Volpato ainda fez a leitura de um trecho de seu romance.

Lançamentos de livros e apresentações de poesia e música
Enquanto escritores falavam sobre seus trabalhos no penúltimo dia da Semana Edgard Cavalheiro, houve ainda lançamentos de livros e apresentações de poesia e música.

Além das obras Amores Impossíveis e Sonho (& Pesadelos), aconteceu o lançamento do livro Iniciação ao Sete, de Jorge Abdalla. Em entrevista, Jorge revelou que “os sete primeiros contos que abrem o primeiro capítulo do livro começaram sendo contados para os amigos” e que ele escreveu quatro séries de sete contos que foram publicados nessa obra.

O escritor comentou ainda sobre como se deu a publicação de seu primeiro livro: “Na verdade eu esperei um tempo, porque eu não sabia como eu ia fazer, aí apareceu um edital da Secretaria de Cultura do Estado, através de um programa chamado ProAC (Programa de Ação Cultural), eu falei: “Bom, eu estou com o livro pronto, vou arriscar concorrer” e ele foi escolhido pela Secretaria para ser publicado em 2011. Aí até o processo todo de conseguir fazer como eu queria, achar editora e tudo, eu acabei conseguindo publicar no comecinho desse ano”.

Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Durante a tarde, paralelamente ao lançamento que aconteceu no hall de entrada do Theatro Avenida, as alunas da Associação Social e Cultural Beija-Flor realizaram uma homenagem a Vinícius de Moraes declamando poesias infantis escritas pelo grande poeta.

Já durante a noite, encerrando o dia de atividades, o cantor André Mastro se apresentou após a palestra de Cadão Volpato, representando o Circuito Cultural Paulista, projeto do estado de São Paulo que tem como objetivo ampliar o acesso da população a produtos culturais.

Matéria publicada em parceria com o blog Over Shock.

domingo, 18 de agosto de 2013

Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo faz um passeio por sua própria história

Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Se apresentando para um grande público presente no Cine Theatro Avenida, a Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo foi a única atração do quinto dia da Semana Edgard Cavalheiro e fez um concerto passeando por sua própria história.

Criada pela Secretaria de Estado da Cultura em 1989, a Jazz Sinfônica sempre teve a intenção de resgatar as tradições das orquestras de rádio e televisão famosas entre as décadas 30 e 70. Sua principal característica é a união de elementos da música erudita e de uma big band de jazz, o que a transforma em uma orquestra inovadora e moderna. O principal nome dessa história foi Cyro Pereira, falecido em 2011, antigo maestro dos Festivais da Record dos anos 60. Com mais de 80 integrantes, a Jazz Sinfônica já se apresentou ao lado de importantes nomes da nossa música, como Tom Jobim, Milton Nascimento e Toquinho.

Como citado, em seu concerto apresentado na noite de sexta-feira, 16, a Jazz Sinfônica preparou um passeio por sua própria história, tocando canções que fizeram parte do repertório ao longo das últimas décadas. Ainda no início os músicos presentes tocaram uma peça composta por Scott Joplin e outra de Ernesto Nazareth, considerados pelo maestro dois nomes que, assim como a Jazz Sinfônica, caminharam pela fronteira da música erudita e popular.

Ao longo do concerto, foram apresentadas ainda peças de compositores e maestros italianos, argentinos e, claro, brasileiros. O tema de um dos filmes do cineasta italiano Federico Fellini, grande parceiro do compositor Nino Rota, também foi tocado com a intenção de levar o público presente a um passeio pela Roma dos anos 50.

Já no final do concerto, a Jazz Sinfônica tocou a canção Bye, Bye Brasil, no entanto não aparentava estar dizendo “adeus” para a população pinhalense e sim dizendo um “até logo”.

Após o concerto foi realizada uma entrevista exclusiva com Ana Tereza Castro Leite, presidente da Associação Amigos do Theatro Avenida (AATA) e uma das organizadoras da Semana Edgard Cavalheiro, que revelou ser fã da Jazz Sinfônica. “Eu acho ela uma orquestra arrojada, despojada e muito moderna”. “O maestro Cyro Pereira, quando da fundação da Jazz Sinfônica, era um maestro muito inovador, muito pra frente”, completou dizendo que considera essa como uma das melhores orquestras do país.

Já sobre o fato da Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo não poder se apresentar de forma completa (foram cerca de quarenta integrantes), devido ao tamanho do palco do Theatro Avenida, Ana Tereza disse ser uma pena não existir a possibilidade de receber todos os músicas, mas ressaltou que ainda assim a Jazz Sinfônica “expressa muito bem a música, o que ela tem de melhor, seja a música brasileira ou a música de outros países”.

Matéria publicada em parceria com o blog Over Shock.

sábado, 17 de agosto de 2013

Em palestra divertida e interativa, Alexandre Camilo comente sobre mudança de postura dos educadores

Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Já em seu quarto dia de atividades, nessa quinta-feira, 15, a Semana Edgard Cavalheiro voltou a receber alunos e professores da rede municipal de Educação para novas apresentações teatrais (com duas apresentações ao longo do dia) e uma palestra divertida que busca incentivar os educadores a mudarem suas posturas dentro e fora das salas de aula.

Durante a noite, antes da atração principal do dia, o ator e palestrante Alexandre Camilo, houve ainda uma apresentação com o saxofonista Luiz Gustavo de Souza. Só então Alexandre subiu ao palco, já demonstrando que usaria as artes cênicas no decorrer da palestra “Mudando de Postura: Comunicação e diversidade cultural no ambiente educativo”.

Ator, educador, contador de história e palestrante, Alexandre Camilo se formou em Artes Cênicas, mas foi após ser convidado para lecionar teatro em uma escola que percebeu a dificuldade de alguns educadores em usar a criatividade, o que deixava as crianças desmotivadas. Foi aí que começou a pesquisar a melhor forma da pessoa se comunicar e passou a trabalhar como palestrante para incentivar a comunicação entre trabalhadores de uma mesma equipe. Em entrevista exclusiva revelou que atualmente trabalha “muito mais nesse mundo coorporativo, nesse mundo com educadores”.

Em sua palestra, Alexandre Camilo mostra que como em qualquer área, o profissional que trabalha com a Educação precisa estar atento para as mudanças que ocorrem ao seu redor, em especial aos seus alunos. É necessário, portanto, evitar determinadas atitudes visando não apenas ensinar, mas principalmente educar.

O palestrante iniciou a sua palestra dizendo que a pessoa mais importante do nosso mundo somos nós mesmos. Ele citou ainda em determinado momento que o educador precisa trabalhar por amor e não pensando em sua situação financeira, já que todos sabem da dificuldade encontrada pelos professores, sobretudo do ensino público, em nosso país.

Segundo Alexandre, é essencial “a observação de si mesmo” para que exista uma mudança de postura dos profissionais. “O professor é muito exigente quando está na plateia, mas é pouco exigente consigo mesmo quando está no palco”, revelou. Ao ser questionado sobre o que espera que os educadores presentes em sua palestra levem para suas vidas, Alexandre disse esperar “que eles saiam daqui cheios de perguntas, a pergunta é mais importante que a resposta.” Completou falando que espera que “eles (os educadores) saiam pensando no papel de cada um deles”.

O palestrante disse ainda que é preciso prestar atenção para o que temos ao nosso redor, em especial os gestos, já que isso facilita a comunicação. “O corpo fala”, revelou antes de explicar que esse é o motivo de ser necessário um cuidado maior com a forma que nos comunicamos. “Não adianta dizer uma coisa se o corpo diz outra”, explicou.

Alexandre, que acredita que o professor do Ensino Básico deva ganhar mais do que o professor do Ensino Universitário, já que os primeiros professores de uma criança são fundamentais para a sua formação, disse ainda que ninguém quer ficar perto de quem só reclama, ironizando os diversos professores que chegam às escolas reclamando pelo trabalho e principalmente de seus alunos.

Para encerrar a palestra, marcada pelo bom-humor, as atuações teatrais e principalmente por palavras motivacionais, Alexandre fez uma última dinâmica com os educadores presentes, pedindo que esses fechassem os olhos e imaginassem a presença de alguém que desejassem agradecer e perdoar.

Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Ainda durante entrevista, Alexandre disse que é “fundamental” que o professor tenha o gosto pelas artes, para que ele possa passar esse gosto aos seus alunos. “Se o professor tem amor pela palavra, pela arte, ele vai ser um agente motivador do seu aluno pra isso. Se ele gosta de algumas histórias, ele trabalha essas histórias”. “E se ele souber canalizar isso em sua classe, a classe não esquece”, completou.

Já no fim de sua entrevista, Alexandre disse estar feliz em participar da Semana Edgard Cavalheiro. Disse ainda: “estou muito feliz de estar em Espírito Santo do Pinhal, uma cidade que tem um teatro maravilhoso, pessoas muito acolhedoras. Quero voltar pra esse teatro novamente, e se tiver a oportunidade de estar conversando novamente com os ‘leitores’ pra mim seria realmente um verdadeiro prazer, ou um prazer como eu costumo dizer”.

Matéria publicada em parceria com o blog Over Shock.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Presidente da Casa do Escritor concede entrevista ao blog Over Shock

Confira abaixo a entrevista realizada pelo blog Over Shock, em parceria com o blog da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro”, com o poeta João Batista Rozon, que comenta um pouco sobre a I Semana Edgard Cavalheiro:

Foto: Ricardo Biazotto
Ricardo Biazotto (Over Shock) - O que impediu que a Semana Edgard Cavalheiro não fosse realizada em anos anteriores? Você acredita que isso se deve ao fato de existir um desinteresse do pinhalense de um modo geral?
João Rozon - Qualquer evento cultural que não seja popular possui grandes dificuldades de se implantar, pois não há interesse do Poder Público em geral.

Ricardo Biazotto (Over Shock) - Quais foram as principais dificuldades e facilidades encontradas na organização da I Semana Edgard Cavalheiro?
João Rozon - A principal dificuldade foi a adequação entre as parcerias e o Poder Público, de um lado a necessidade de uma programação definida com prazo suficiente para uma boa divulgação e conscientização do evento, e de outro a morosidade do Poder Público, que ainda dependemos para a realização da Semana.

Ricardo Biazotto (Over Shock) - Em 2012, durante entrevista realizada para a divulgação da III Pin Pin de Literatura “Edgard Cavalheiro”, você comentou que a população pinhalense teria um verdadeiro curso de literatura ao longo dos três dias de evento. A Semana Edgard Cavalheiro terá uma programação ainda mais variada, então o que o pinhalense pode esperar desse evento?
João Rozon - O evento está alicerçado na literatura, com o melhor que há em termos de palestrantes, são palestras de alto nível e com certeza todos vamos aprender muito nesta semana. Agora, denominada Semana Edgard Cavalheiro, o evento já tomou uma grande dimensão e estamos vendo os reflexos pela manifestação dos participantes inclusive dos visitantes da região que estão elogiando muito o evento, e que outras cidades devem nos imitar.

Ricardo Biazotto (Over Shock) - Se comparada com outros eventos realizados pela Casa do Escritor, quais são as principais novidades da I Semana Edgard Cavalheiro?
João Rozon - A novidade é que agora o evento será realizado de segunda a domingo (uma semana) e a participação do Departamento de Educação, que é fundamental, pois nosso objetivo proporcionar às crianças, jovens e professores o melhor que há em termos de literatura, pois só assim, através da leitura, participação, conscientização, estaremos formando uma juventude com qualidades intelectuais, humanas e despertando o amor pelas coisas bonitas e saudáveis da vida.

Ricardo Biazotto (Over Shock) - Além das palestras e apresentações culturais, o evento contará ainda com uma homenagem ao professor e escritor Moacir Amâncio, ganhador do Prêmio Jabuti. Gostaria que você comentasse um pouco sobre o que motivou a realização dessa homenagem.
João Rozon - O Moacir Amâncio é meu amigo de longa data, é um pinhalense que sempre esteve ligado aos movimentos culturais de nossa cidade, e desde o início (quando tive a ideia de realizar este evento literário em nossa cidade, conversei longamente com ele) que não mediu esforços para contatar escritores, sugerir ideias e estar aqui presente nos ajudando pessoalmente e contribuindo com suas palestras e livros. Assim, se criou um grande laço de amizade entre ele e o evento, até já dizemos a ele que ele é um dos padrinhos da Semana Edgard Cavalheiro. Então, considerando que é um pinhalense que mora em S. Paulo, super ocupado, e que se dispõe sempre a comparecer e nos ajudar, nada mais justo do que prestarmos esta Homenagem a Ele.

Ricardo Biazotto (Over Shock) - Você pretende realizar outros tipos de eventos, em nome da Casa do Escritor, para a divulgação do trabalho de Edgard Cavalheiro? E em relação a Semana Edgard Cavalheiro, quais são seus objetivos para as próximas edições?
João Rozon - Pretendo sim realizar mais eventos, um deles é fazer um grande concurso a nível municipal, com o propósito da participação de toda rede de ensino (pública e privada) com o Tema “Edgard Cavalheiro” – Um ilustre pinhalense. Para as próximas edições em relação a Semana Edgard Cavalheiro, pretendo fazer um projeto que englobe desde recursos necessários ( com leis de incentivo à cultura, como também trabalhar na divulgação do evento a nível nacional. Instituindo-se, como proposto nesta Semana que estamos realizando, também o Prêmio Nacional “Edgard Cavalheiro”.

Ricardo Biazotto (Over Shock) - Muito obrigado, Rozon! Espero que tenha gostado da entrevista e que os leitores do blog Over Shock (e da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro”) aproveitem ao máximo a cobertura realizada com o objetivo de divulgar o evento e o trabalho desse grande escritor pinhalense.
Para encerrar, deixo o espaço para que você mande uma mensagem aos leitores e faça um convite especial para que eles participem desse evento preparado com tanto carinho pela Casa do Escritor e todos os seus parceiros.
João Rozon - Agradeço aos meus companheiros da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro”, em especial a você Ricardo, ao Paulo Romão e demais membros que muito contribuíram para a realização da Semana, principalmente no documentário, na divulgação e cobertura do evento.
Convido a todos amantes da Literatura, Cultura, e aqueles que querem uma sociedade melhor, que participem e levem seus amigos, filhos, esposa e que somente assim, juntos podemos construir, transformar e esperar das futuras gerações pessoas de bom coração, com sentimentos, e que tenham amor em tudo que fizerem.
Obrigado a todos os parceiros que ajudaram na Realização desta Semana tão sonhada. A A.A.T.A. _ Associação dos Amigos do Theatro Avenida, na pessoa da Ana Tereza C. Leite, a UNIPINHAL, na pessoa da Pró-Reitora Dra. Valéria Torres, a Casa do Escritor P. E. Cavalheiro, ao Departamento de Cultura de E.S.Pinhal, ao Sr.Prefeito José B. de Oliveira, ao vice-prefeito João B. Detore pela força que nos deu em todas as reuniões, ao Departamento de Educação na pessoa da Prof. Dirce.
Muito obrigado.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Dia movimentado para alunos e professores da rede municipal de Educação

O primeiro dia da Semana Edgard Cavalheiro dedicado ao Departamento de Educação de Espírito Santo do Pinhal foi bastante movimentado no Cine Theatro Avenida. Durante a manhã e tarde de quarta-feira, 14, alunos do primeiro ciclo do Ensino Fundamental foram ao teatro para acompanhar a peça “O Castelo de Mulumí” no projeto chamado “A Escola Vai ao Teatro”.

A intenção do projeto é dar a oportunidade das crianças conhecerem a beleza arquitetônica do prédio do Theatro Avenida e principalmente despertar o interesse dessas crianças pela cultura.

Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Apresentada pelo Teatro Flácus, do Grupo da Fraternidade Irmão Flácus, a peça infantil escrita por Jurandir Pereira possui pouco mais de uma hora e narra a história de Reizinho, que vive no castelo de Mulumí com seus dois súditos: Assombração e Piretsim. Nesse castelo existe uma placa dizendo que quando o rei completar mil anos chegará um novo rei, mas como Reizinho, que está prestes a comemorar o milésimo aniversário, se vê como um péssimo rei, decide que não pode deixar que essa profecia se concretize e para isso precisa da ajuda de seus dois súditos.

Dirce Cleia Malheiro, diretora do Departamento de Educação da cidade, afirmou em entrevista que é preciso formar o conceito cultural da criança que ainda está na escola, por isso a importância da participação da Educação em uma semana cultural. Já sobre a apresentação da peça teatral, Dirce disse que “essas oportunidades acabam criando hábitos nas crianças e a gente sabe que aquilo que a gente cultua na infância, carregamos para a vida adulta”. “Nós queremos, na verdade, formar neles a vontade de estar participando de eventos culturais”, completou.

A diretora do Departamento de Educação revelou ainda o encantamento de algumas crianças que assistiram ao espetáculo e tiveram o desejo de subir ao palco para conhecer “o castelo mal-assombrado” ou de cumprimentar os atores, que após a peça foram ao hall de entrada do Theatro Avenida para se aproximar das crianças presentes.

Apresentada em duas sessões, a peça “O Castelo de Mulumí” volta a ser apresentada para alunos do Ensino Fundamental nessa quinta-feira, 15, também em duas sessões.

Uma noite de aproximação e acolhimento
Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
A terceira noite da Semana Edgard Cavalheiro teve início com um breve concerto do pólo municipal do Projeto Guri, projeto do estado de São Paulo que tem como objetivo ensinar música de forma gratuita para crianças e adolescentes.

Coordenado pela musicista Thaís Rozon, o pólo de Espírito Santo do Pinhal possui um grande número de alunos que foram representados pela turma mais avançada do curso, formada por pessoas de várias idades. Durante o concerto, esses alunos apresentaram algumas canções conhecidas, entre elas O Pato, de Vinícius de Moraes.

Na sequência, após um breve pronunciamento do prefeito municipal José Benedito de Oliveira (Zeca Bene), que anunciou uma palestra que acontecerá no fim do mês, subiu ao palco a educadora Emília Cipriano, grande atração da noite (como anunciado anteriormente, Emília daria sua palestra na quinta-feira, no entanto foi necessária a troca de data entre os palestrantes de quarta-feira e quinta-feira).

Dedicada especialmente aos professores, maioria entre o público presente, a palestra “Encantamento com a criança e o reencantamento do educador” tinha a intenção de mudar a forma com que o professor entende o que um aluno está pensando e querendo transmitir com suas expressões e palavras. Segundo Emília, que trabalha como pesquisadora da infância e é professora da PUC de São Paulo, é necessário estar encantando para ter a capacidade de encantar o próximo e para isso é preciso se encantar pelo processo de aprendizagem.

Ainda no início de sua palestra, a educadora mostrou imagens de diferentes crianças com diferentes tipos de expressões. “Você tem desde a criança que é aquela que a mídia apresenta e você tem a criança que está lá no nosso contexto, que às vezes não tem nada a ver com aquele estereótipo que é colocado. É (preciso) romper com isso; trabalhar com seres concretos, experiências concretas, olhando-se e se desafiando para enfrentar os desafios desse contexto”, disse em entrevista.

Emília contou ainda sobre um educador da Bolívia que elaborou um livro com verbetes sobre as interpretações de crianças em relação a determinadas situações. Entre os exemplos citados pela educadora está um em que a criança diz que o “branco é uma cor que não se pode pintar” e a “igreja é onde as pessoas vão para perdoar a Deus”. Com esses exemplos, Emília tem a intenção de mostrar as diferenças entre vários tipos de crianças e suas determinadas interpretações, sendo então que “é necessário reencantar todas as crianças sem descriminação”.

Na palestra até então de maior interação entre público e palestrante, Emília mostra a importância de uma aproximação entre o educador e seus alunos, já que os professores estão distantes das crianças, que são fonte de inspiração. “Quando a gente é chamada para tocar e perceber, a gente acolhe. Então é essa a provocação maior: é como eu me percebo construindo uma relação diferente com o conjunto de criança que atuo”.

Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Já sobre as mudanças que faria na Educação brasileira, a educadora ressaltou a necessidade da criação de “políticas públicas que contemplassem, de fato, essa possibilidade de articular cultura, educação, relações humanas em um contexto muito mais amplo, e não focados de uma forma tão fragmentada como vem ocorrendo em nosso país”, revelou.

A Educação continua sendo tema da Semana Edgard Cavalheiro nessa quinta-feira, 15, com a palestra “Mudando de Postura: Comunicação e diversidade cultural no ambiente educativo”, de Alexandre Camilo.

Matéria publicada em parceria com o blog Over Shock.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Com a presença de jovens estudantes, Marco Villa faz um passeio pela história política do Brasil

Para a nova geração de leitores, que tiveram o hábito da leitura despertado graças a grandes sucessos editoriais, relacionar literatura e política pode ser uma missão complicada. No entanto, quando paramos para analisar os grandes clássicos de nossa literatura, fica clara a intenção dos antigos intelectuais em mudar a história através de seus livros.

Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
O historiador e comentarista do Jornal da Cultura Marco Antonio Villa, palestrante da noite de terça-feira, 13, na Semana Edgard Cavalheiro, iniciou sua palestra “Política, História e Literatura” comentando sobre casos em que escritores foram os protagonistas da história política do país. “Você vê que no século XIX, muitos dos livros tratam da questão da escravidão, vou lembrar o caso de “O Cortiço”, por exemplo. No século XX, nos anos 30 e 40, o romance regionalista tem sempre uma temática social. Então em vários momentos da literatura brasileira ela dialogou com as questões da sociedade brasileira, ou durante o Império ou durante a República”, disse durante entrevista após sua palestra.

O historiador ainda comentou que com o passar do tempo houve um afastamento das relações entre escritores, intelectuais e a vida política. “Pode ser também, não sei por que, a literatura brasileira foi perdendo grandes nomes. É difícil você encontrar grandes nomes da literatura brasileira com menos de cinquenta anos. Você vai procurar, procurar e vai ter uma dificuldade”, explicou.

Antes da entrevista, em uma palestra de tom irônico e muitas vezes engraçado, Marco Villa mostrou o motivo de ser considerado um grande crítico do sistema político de nosso país. Ainda no início, diz achar engraçado que um político condenado em mais de 100 países, como é o caso de Paulo Maluf, continue sendo recebido por prefeitos, governadores e outros políticos brasileiros. “Algo que só acontece na terra descoberta por Cabral”, brincou em outro momento.

Segundo o historiador, o grande problema da política brasileira é o fato do país ser refundado a cada década. Villa cita como exemplo as mudanças que o país sofreu após o fim da ditadura militar e a primeira eleição democrática, em 1985, que elegeu Tancredo Neves. Após o falecimento de Tancredo, que não chegou a tomar posse, o vice-presidente José Sarney assumiu a presidência no momento mais importante da história política recente do país. Na mesma época iniciou uma série de fracassos nos planos de estabilização econômica, enquanto que na eleição seguinte, o presidente eleito, Fernando Collor de Mello, acabou sofrendo o processo de Impeachment. “Collor foi primeiro candidato à presidência a lutar contra a corrupção e a sofrer o processo de Impeachment devido à corrupção”, declarou Villa.

Continuando seu relato sobre a história da política brasileira, Marco Villa disse que Itamar Franco, vice-presidente e substituto de Collor após o Impeachment, assumiu a presidência em um momento catastrófico. Mas foi a partir daí, com a elaboração do chamado Plano Real pelo então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que a economia brasileira se estabilizou.

No entanto, Villa ainda declara que o Brasil cresceu apenas devido ao boom da economia chinesa na última década do século XX, o que movimentou, entre outras coisas, a exportação dos produtos brasileiros. Já sobre o momento da economia, que o atual governo diz estar avançado desde 2003, quando o ex-presidente tomou posse, Villa cita como exemplo a estimativa do crescimento do país ao fim de 2013: “O Brasil vai crescer 1/3 ou metade em relação a outros países emergentes. Isso devido a nossa péssima política econômica”.

No fim de sua palestra, o historiador ironizou os discursos da presidente Dilma Rousseff durante as manifestações que ocorreram nas últimas semanas e disse que não temos alternativas para a próxima eleição, explicando com exemplos em relação a todos os prováveis candidatos: Aécio Neves, Eduardo Ribeiro, Marina Silva e a própria Dilma Rousseff, que tentará a reeleição.

Por fim, ao ser questionado durante entrevista sobre o processo de produção de seus livros, Marco Villa, autor de Mensalão - O Julgamento do Maior Caso de Corrupção da História Política Brasileira, disse que “o trabalho do historiador é um pouco diferente do que o trabalho do escritor romancista, por exemplo, porque ele trabalha com fontes, primárias, secundárias e tal, portanto todo trabalho depende dessas fontes”. “É um trabalho tão solitário, porém ele parte de um objeto, ele faz o seu estudo, levanta hipótese sobre esse objeto, estuda e tal, sempre de acordo com as fontes que ele tem acesso. É sempre um trabalho, na maior parte das vezes, solitário”, completou.

Também em entrevista, o vice-prefeito Municipal, João Detore, comentou sobre a importância da presença de um historiador com trabalhos ligados a política em uma semana literária: “É uma maneira de você conscientizar a população. Política é uma coisa bela, é uma filosofia de vida. Problema são os políticos” “então a gente teve uma oportunidade de saber que existe jeitos, existe envolvimento da sociedade”, declarou.

Matéria publicada em parceria com o blog Over Shock.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Semana Edgard Cavalheiro se inicia com literatura contemporânea e belo tributo a Vinicius

Segunda-feira não é um dia comum para a realização de eventos, independente de qual seja área, mas não deixou de ser agradável a noite que abriu as atividades da Semana Edgard Cavalheiro, que ocorre até domingo no Cine Theatro Avenida de Espírito Santo do Pinhal.

A primeira atividade da noite foi a solenidade de abertura da semana literária que aconteceu com a presença de José Benedito de Oliveira, prefeito municipal, João Detore, vice-prefeito municipal, João Batista Rozon, presidente da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro”, Ana Tereza Castro Leite, presidente da Associação dos Amigos do Theatro Avenida, e Dirce Cleia Malheiro, diretora do Departamento de Educação da cidade. Na sequência foi executado o hino do Brasil e também da cidade.

Já com a palavra, o prefeito municipal, Zeca Bene, parabenizou os organizadores do evento e agradeceu ao público presente antes de dizer que Pinhal está mudando e se tornando referência em toda a região. Na sequência declarou aberta a Semana Edgard Cavalheiro.

Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Os demais membros presentes na mesa também fizeram uso da palavra. Ana Tereza declarou esperar que a Semana Edgard Cavalheiro seja aproveitada por todos e que entre definitivamente para o calendário das atividades culturais do estado e munícipio. Já João Batista Rozon disse que é preciso realizar várias reuniões em torno do desenvolvido para que seja possível resgatar a memória da cidade. Grande idealizador do projeto, João Rozon aproveitou a oportunidade para pedir que os professores levem seus alunos para prestigiar eventos culturais, em especial a Semana que se iniciou na noite de segunda-feira, 12.

A diretora do Departamento de Educação revelou ter sentido a existência de um vácuo cultural gerado pela falta de interesse da população em participar de eventos culturais, no entanto, Dirce ressaltou a importância de que eventos semelhantes sejam sempre realizados. “Daqui 14 anos, a 14ª edição da Semana Edgard Cavalheiro terá muitos participantes e estará surgindo ali um “Edgardzinho””, brincou.

João Detore, vice-prefeito e um dos organizadores do evento, também declarou esperar colher frutos dessa primeira edição da Semana Edgard Cavalheiro, encerrando assim a parte solene da primeira noite do evento.

Mais do que uma palestra: uma aula sobre a literatura contemporânea
Quando a programação da Semana Edgard Cavalheiro foi anunciada com a presença de Luiz Ruffato, que esteve na cidade em 2011, era certo de que essa seria uma das principais atrações do evento. O que sabíamos também era que sua palestra seria muito importante, sobretudo para aqueles que, assim como ele, desejam conquistar espaço no mercado editorial.

Após a solenidade de abertura, e a apresentação da biografia de Luiz Ruffato, o escritor mineiro subiu ao palco do Theatro Avenida para uma palestra de pouco mais de uma hora, que se passou rapidamente devido a sua dinâmica.

Ainda no início, Ruffato comentou sobre sua amizade com o escritor pinhalense Moacir Amâncio. “O Moacir Amâncio, que é um grande amigo meu” “foi fundamental para que eu viesse naquela primeira semana (o Pin Pin de Literatura em 2011). Na época ele me convidou, eu evidentemente que vim por causa dele, e chegando aqui eu encontrei outras pessoas que moram aqui, que fazem um esforço imenso para dar um verniz cultural à cidade, então também se cria laços afetivos”, comentou durante entrevista exclusiva realizada pelo blog Over Shock antes da palestra.

Na sequência, Ruffato contou sobre o que é a literatura contemporânea e sobre um grupo de escritores, da qual ele faz parte, que se reunia na década de 90 para troca de informações sobre seus textos. Ruffato contou que na época a chamada “Geração 90” publicou uma antologia para mostrar que existiam pessoas fazendo algo pela literatura brasileira, já que todos tinham um mesmo interesse.

Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Por acreditar no poder transformador dos livros, Ruffato foi idealizador da Igreja do Livro Transformador, projeto que dá a oportunidade de leitores contarem sobre suas primeiras experiências literárias. E ele ainda diz acreditar que é necessário um plano de incentivo por parte do governo. Segundo Ruffato, a estabilidade política e econômica que se iniciou no Brasil a partir de 2002 foi fundamental para as melhorias do mercado editorial. O escritor cita ainda que atualmente 35% da produção editorial no Brasil são adquiridas pelo governo como forma de incentivo à leitura. “Uma coisa é você não ter nenhum livro na biblioteca, e você não vai ter nenhum leitor, evidentemente. Outra coisa é você ter livros. Significa que vai ter leitor? Não sei. Mas pelo menos você pode ter leitor, na outra opção não tinha nenhuma possibilidade”, disse também em entrevista.

Ruffato, que em 2003 deixou de trabalhar como secretário de redação do Jornal da Tarde para se dedicar exclusivamente à literatura, disse não saber se é possível viver de literatura no Brasil, mas que ele consegue. Ele ainda revelou que na época poucos escritores conseguiam viver disso, sem trabalhar como colunista ou roteirista, por exemplo, mas que hoje tem muito mais pessoas. “Não sou um nababo, mas também não vivo miseravelmente, mas eu trabalho muito. Eu trabalho muito!”, enfatizou.

O escritor disse ainda que isso só é possível devido às mudanças sofridas após o governo Collor, já que outros países passaram a se interessar por aquilo que é produzido no Brasil e o país despertou a atenção. Ruffato ainda comenta que essa mudança contribuiu para as duas participações do Brasil na Feira do Livro de Frankfurt: em 1994 e em 2013, que será realizada nos próximos meses.

Já no final de sua palestra o público presente fez perguntas para o escritor, que faz um trabalho na chamada literatura urbana. Filho de um pipoqueiro semianalfabeto e de uma lavadeira de roupas analfabeta, Ruffato revelou que decidiu escrever sobre o assunto “porque não havia nenhum livro sobre o trabalho urbano”.

Por fim, ao ser questionado sobre as tendências literárias e aquilo que o público e as editoras desejam ler, Ruffato declarou que faz uma literatura difícil e não escreve para agradar ninguém. “Lixe-se para o mercado e para o leitor”, concluiu comentando que o escritor deve escrever o que bem entende.

Um show, incontáveis sentimentos
Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Era para ser apenas um tributo em homenagem a Vinícius de Moraes para encerrar a primeira noite do evento, mas quando se trata de Vinícius de Moraes a palavra “apenas” é insignificante. Após uma verdadeira aula sobre literatura contemporânea, coube a jovem Anna Setton a missão de encantar o público presente. Ela não só encantou como também emocionou ao cantar Vinícius.

Dona de uma voz marcante e belíssima, Anna Setton voltou a Pinhal algumas semanas após se apresentar ao lado de Toquinho, dessa vez cantando Vinícius de Moraes em um tributo em homenagem ao centenário do poeta, que acontece em outubro. “Me sinto muito honrada (em voltar) porque as pessoas gostaram da minha presença, gostaram da minha surpresa na primeira vez e fico muito feliz”, declarou em entrevista exclusiva.

Anna Setton, que pretende gravar um disco e lançá-lo no próximo ano, disse ter começado “na música, de maneira amadora, na adolescência”, quando começou a tocar e a fazer aulas de canto. “Comecei a gostar mais, cada vez mais, fui me apaixonando, me aprofundando e quando eu tinha uns vinte e poucos anos que eu realmente falei: “Não, eu quero seguir profissionalmente com a música””, contou.

Sobre seu contato com Vinícius de Moraes, Anna disse ter tido o primeiro contato ainda em sua família e que já no início de sua carreira possuía um repertório com canções de Vinícius. Ela revela também que cantando ao lado de Toquinho, um dos principais parceiros de Vinícius, conheceu ainda mais a história do poeta. A experiência ao lado de Toquinho contribuiu para grande parte do tributo, que faz um passeio pelas principais canções e parcerias de Vinícius de Moraes.

No ponto alto da apresentação, Anna Setton canta “Eu sei que vou te amar”, canção que a própria cantora diz causar uma identificação no público. Nessa canção, considerada pela Rolling Strone Brasil como a 24ª melhor música brasileira, cantora e público parecem se declarar a Vinícius, um dos principais nomes de nossa música: eu sei que vou te amar, Vinícius. Por toda a minha vida eu vou te amar, Vinícius.

Foi assim que, de maneira emocionante, se encerrou as atividades do primeiro dia da Semana Edgard Cavalheiro.

Matéria publicada em parceria com o blog Over Shock.