quinta-feira, 28 de março de 2013

Casa do Escritor: 500 reuniões de literatura, cultura e projetos educacionais

A comemoração de uma data importante exige que exista um clima especial, e para alegria de membros da Casa do Escritor Pinhalense "Edgard Cavalheiro", a noite de quarta-feira, 27, foi propícia para uma confraternização e para o lembrete de uma marca especial. Foi durante uma noite de poucas nuvens, em que a Lua Cheia dava um brilho especial para o céu, que a Casa do Escritor comemorou, após quase treze anos de existência, a sua 500ª reunião.

Em todos esses anos, a Casa do Escritor construiu uma rica história, que se iniciou em 28 de junho de 2000, quando aconteceu a primeira reunião, no Salão Paroquial que se encontra na Praça da Independência, Centro de Espírito Santo do Pinhal. Com o passar dos anos, a instituição recebeu a visita de inúmeros escritores conceituados, participou da elaboração de eventos culturais, e deixou sua marca na história da cidade Rainha das Serras. Seja com a presença de um ou vinte membros, as portas sempre estiveram abertas, e isso tem um único resultado: a comemoração e o sentimento de orgulho.

Algumas semanas atrás, quando ficou decidido que essa marca não passaria em branco, surgiu a ideia de aproveitar as 500 reuniões para fazer um passeio pela história da literatura no Brasil, desde que os portugueses aqui chegaram, em 1500. Mas antes disso, o presidente, João Batista Rozon, deu início as atividades da noite comentando sobre o seu sentimento por ver que a Casa do Escritor não é apenas mais um projeto, mas sim uma realidade.

Acreditando em um futuro promissor, Rozon voltou a salientar o seu desejo de criar um acervo para resgatar e deixar viva a memória de Edgard Cavalheiro (1911-1958), escritor pinhalense que dá nome a instituição. Ele ainda fez questão de comentar sobre a saúde de Antônio Agostinho Ferreira, um dos primeiros membros da Casa do Escritor, que passou alguns dias internado, mas que felizmente já está em sua casa, se recuperando ao lado de sua família.

Além de simplesmente se reunir, os membros da Casa do Escritor sempre tiveram o objetivo de criar ideias capazes de fazer a diferença no sistema educacional pinhalense, o que Rozon também destacou em sua bonita e contagiante fala. Para encerrar, demonstrou a emoção e o orgulho que sente por exercer suas funções na prática, e não apenas em busca de status.

Representando a Associação Cultural Antônio Benedicto Machado Florence, Elvira Florence Vergueiro comentou o seu desejo de se envolver com as atividades visando os jovens da cidade, e que por isso, enquanto estiver com saúde, estará ao lado da Casa do Escritor, que inclusive voltará a se reunir na Associação Cultural a partir da próxima semana, aceitando o convite novamente feito por Elvira.

Só então teve início o passeio pela literatura no Brasil, sob a medição do professor Paulo Romão. E para começar em grande estilo, foi feita a leitura de um poema escrito por José de Anchieta (1534-1597), considerado o primeiro poema escrito em solo brasileiro.

Na sequência, o passeio fez escalas em cada um dos movimentos literários no Brasil, a começar pelo Barroco, representado por um poema de Gregório de Matos (1636-1696). O Barroco pregava pela representação perfeita do ser humano, enquanto o Arcadismo, outro movimento lembrado com um trabalho de Cláudio Manoel da Costa (1729-1789), exaltava a natureza, fazendo um contraste da diferença entre dois movimentos tão distintos.

Os anos se passaram e a literatura no Brasil chegou ao Romantismo, que tinha como principal objetivo romper a ligação com a literatura de Portugal, e como o nome sugere, seus poetas deixavam o amor falar mais alto. Aproveitando o momento, Patrícia Françoso, responsável pela leitura de um poema de Gonçalves Dias (1823-1864), comentou sobre sua emoção por fazer parte da história da Casa do Escritor, que segundo ela, lhe ajudou no momento de sua vida em que mais precisou, por isso será eternamente grata.

"Os poetas cansaram de ser românticos e quiseram colocar o pé no chão", disse Paulo Romão ao falar do surgimento do Realismo, marcado pela veracidade, a riqueza de detalhes e o materialismo. O principal representante desse movimento foi o escritor Machado de Assis (1839-1908), que não poderia ser esquecido, assim como Olavo Bilac (1865-1918), poeta escolhido para representar o movimento seguinte: o parnasianismo, que tinha como principal característica a objetividade.

Chegando ao fim do século XIX e início do século seguinte, a viagem pela literatura brasileira passou pelo Simbolismo, que teve o poeta catarinense Cruz e Sousa (1861-1898) como um dos seus percussores, apesar de ter tido poucas obras lançadas ainda em vida.

Dividido em três fases, o Modernismo marcou a cultura e a literatura no Brasil por romper com o passado, algo que estava explícito no poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que foi a última parada antes de se chegar ao movimento Contemporâneo, onde os poetas Fernando Vieira de Carvalho Campos Salles e Joao Batista Rozon apresentaram poesias escritas por eles. Ao apresentar a poesia Aclamar, que faz uma reflexão sobre o presente e o futuro, Rozon comentou sobre o desejo de lançar seu segundo livro ainda em 2013 e que a mensagem imposta em suas palavras chegue ao maior número de pessoas.

Com o fim do passeio pela literatura brasileira, a comemoração das quinhentas reuniões da Casa do Escritor fez um passeio em sua própria história, com a apresentação de um documentário amador que reúne fotos e vídeos da Casa do Escritor ao longo de todas as reuniões. Enquanto assistiam ao documentário, membros colocaram o papo em dia e participaram de mais um descontraído coquetel, repetindo o que aconteceu na última reunião de 2012.

Por fim, os representantes do Clube do Livro "Edgard Cavalheiro" convidaram Elvira Florence, o poeta João Batista Rozon e a escritora Marly Bartholomei para compor o júri responsável pelo Concurso de Desenho realizado no primeiro encontro, que aconteceu no último sábado, 23. Após uma observação detalhada do conteúdo dos trabalhos, foi decidido que o primeiro colocado seria o Eduardo Rezende, que segundo os jurados fez um trabalho mais analítico, e o segundo colocado Fernando Campos Salles, com um trabalho mais sintético. Com isso, Eduardo recebeu os livros Tudo o Que Ela Sempre Quis, de Barbara Freethy, e Garota Tempestade, de Nicole Peeler. Já Fernando ficou com o livro A Grande Rainha, do escritor brasileiro Sérgio Roberto de Paulo.

Ao final, em entrevista concedida ao blog da Casa do Escritor e ao programa Patrícia Françoso com Você, da rádio Comunidade Viva (FM 106,3), o presidente João Batista Rozon disse o que Edgard Cavalheiro sentiria e faria pela Casa do Escritor caso ainda estivesse vivo: "Eu acho que se ele estivesse vivo, com a influência que ele tinha, a capacidade, a inteligência, como ele amava a literatura, eu acho que a Casa do Escritor já tinha um grande prédio, desse prédio certamente já existiria uma editora, com grandes escritores. Ele estaria produzindo muito, vendendo o nome de Pinhal para o mundo todo, pois ele era um gênio pra fazer esse tipo de promoção e foi um dos pilares da literatura brasileira, escrevendo e editando numa época em que não existia editora, não existia livraria. Era uma coisa feita assim com muito suor, sacrifício e no peito a peito".

Com isso, a festividade em comemoração as 500 reuniões chegou ao fim, porém a meta é atingir números maiores, sempre visando o melhor para a cultura da cidade de Pinhal. E como Rozon diz em sua poesia Aclamar: "Viva e deixe tudo viver. E o Todo viverá".

Clique aqui (em breve) para conferir novas fotos dessa comemoração.

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