quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Homenagens encerram a primeira Semana Edgard Cavalheiro

Para encerrar a semana recheada de muitas atividades visando o resgate da memória de Edgard Cavalheiro, o último dia da Semana Edgard Cavalheiro aconteceu em uma manhã fria de domingo marcada principalmente por homenagens.

A primeira atividade da manhã foi a exibição do documentário Edgard Cavalheiro – Vida e Obra. Produzido devido a uma parceria entre o UniPinhal e a Casa do Escritor Pinhalense Edgard Cavalheiro, o documentário, distribuído gratuitamente em 500 cópias ainda no início da semana, tem a intenção de mostrar a brilhante trajetória de Cavalheiro desde o seu nascimento, em Pinhal, até o falecimento em São Paulo. O documentário possui ainda depoimentos e imagens históricas que engrandecem a bonita história desse ilustre pinhalense.


Reflexões e metáforas marcam a leitura da peça “O Rei, o Rato e o Bufão do Rei”
Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Escrita pelo escritor romeno Matei Visniec, a peça “O Rei, o Rato e o Bufão do Rei” narra uma história recheada de reflexões sobre política, formas de governo e principalmente a busca pelo poder. Com apenas dois personagens, a peça possui algumas características marcantes, no entanto também pode ser considerada uma peça confusa.

Com uma leitura dramática realizada pela Cia. de Espetáculos Viva Arte, e comentários do escritor pinhalense Moacir Amâncio, a peça foi apresentada ao público presente que não precisou se esforçar para perceber as metáforas incluídas por Visniec em seu texto.

Devido a sua complexidade, a peça pode ser interpretada de diversas formas, mas para Valéria Torres, pró-reitora do UniPinhal e uma das organizadoras da Semana Edgard Cavalheiro, “o texto mostra que as coisas não têm sentido e que as coisas se repetem”, disse durante breve bate-papo realizado após a peça

Já em entrevista, o escritor e tradutor Moacir Amâncio, que sugeriu que a leitura dessa peça fosse realizada durante o evento, disse que a peça “permite uma reflexão sobre o poder, sobre a história e também sobre nosso comportamento particular; de cada um”. “Então é um texto muito rico e eu fiquei muito contente com a aceitação da sugestão e com a realização do pessoal”, completou.

Moacir ainda comentou sobre o que motivou a sua sugestão: “Minha ideia é trabalhar uma forma de divulgação do teatro, de um modo rápido, dinâmico e de baixíssimo custo, ou seja, custo quase nenhum. E é um intermediário entre a leitura particular, privada do texto, e o espetáculo que pode ser montado ou não”.

Homenagem a um dos grandes responsáveis pela criação da Semana Edgard Cavalheiro
Desde que houve a primeira oportunidade de realizar um evento em homenagem a Edgard Cavalheiro em Espírito Santo do Pinhal, Moacir Amâncio, tradutor de Gol de Esquerda, foi um dos grandes responsáveis pela organização e divulgação do evento, sobretudo na capital paulista.

Ainda na primeira oportunidade, no Pin Pin de Literatura de 2010, ele convidou escritores para participarem do evento, que aceitaram de prontidão graças ao respeito e admiração que conquistou ao longo dos anos. Isso se repetiu nas duas edições seguintes e também na Semana Edgard Cavalheiro, por isso a ideia de homenageá-lo de maneira simples, porém sincera.

“Considerando que é um pinhalense que mora em São Paulo e que se dispõe sempre a comparecer e nos ajudar, nada mais justo do que prestarmos esta homenagem a ele”, revelou João Batista Rozon, idealizador da Semana Edgard Cavalheiro e grande amigo de Amâncio.

Durante a homenagem, João Rozon entregou uma placa ao escritor, demonstrando assim a gratidão que a Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro” e todos os organizadores do evento têm por esse importante nome de nossa cidade. Já a historiadora Valéria Torres, que pesquisou sobre o passado de Moacir em Espírito Santo do Pinhal, o entregou um presente com documentos históricos de sua vida.

João Rozon ainda brincou contando uma história da infância de Moacir, que na ocasião pediu para que o irmão e um amigo caçassem uma coruja na torre da igreja Matriz. Impressionado com a descoberta do amigo, Moacir disse se arrepender até hoje.

O escritor homenageado também disse não achar que merece homenagem, mas que isso não é falsa modéstia. “A homenagem ela se torna significativa quando ela vem com uma emoção, com uma sensibilidade, uma sutileza, como aconteceu aqui agora”, disse. “Eu fiquei muito tocado porque foi feita uma pesquisa pela professora Valéria que descobriu o meu passado condenável de estudante na Escolinha de Comércio. Só faltou pegar o meu boletim no Batista Novaes, que esse é mais vergonhoso ainda”, brincou antes de dizer que a homenagem foi muito tocante.

Cia. Viva Arte apresenta a peça O Auto da Compadecida e Moacir Amâncio lança o Prêmio Nacional Edgard Cavalheiro
Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Já no fim da manhã, após a homenagem a Moacir Amâncio, a Cia. Viva Arte aproveitou para fazer o lançamento oficial da peça O Auto da Compadecida, que será apresentada no próximo dia 31, também no Cine Theatro Avenida.

Sobre a peça, Ana Tereza Castro Leite, presidente da Associação Amigos do Theatro Avenida (AATA), contou em entrevista realizada na última sexta-feira, 16, que Ariano Suassuna, autor da peça, “recebeu o pessoal da Cia. na última Flip em Poços, autorizou inclusive a encenação do Auto e gostou de O Rico Avarento, que nós levamos para ele”. “Eu espero que todos gostem. Eles trabalharam muito, estão desde começo do ano nos ensaios preparativos, cenários e figurino. Está bem bonito, bem legal. Tomara que dê certo e que eles consigam trazer para o teatro os vários públicos da nossa cidade, não só o pessoal da área central, mas o pessoal também das áreas mais periféricas, os alunos, as escolas, porque essa é a nossa intenção”, completou.

Na sequência, representando todos os organizadores, o escritor Moacir Amâncio lançou oficialmente o Prêmio Nacional Edgard Cavalheiro, que terá toda uma organização nos próximos meses para que, na próxima edição da Semana Edgard Cavalheiro, sejam entregues os prêmios nas mais diversas categorias. O escritor também comentou sobre a criação do prêmio em homenagem a Edgard Cavalheiro: “É preciso batalhar muito pra que se preserve os nomes dos autores, mas antes do nome dos autores é preciso que se criem modos de incentivar a leitura e fazer com que a leitura volte a fazer parte de uma certa forma do dia-a-dia das pessoas”. “Toda iniciativa que se volte para a divulgação da cultura, a divulgação da leitura, divulgação do pensamento e das ideias e o debate delas é importante. E deve ser levado em frente, com maior garra, maior atenção, cuidado e responsabilidade”, completou.

Assim se encerrou a primeira Semana Edgard Cavalheiro, um evento recheado de atrações visando não apenas divulgar a vida e a obra de Edgard Cavalheiro, mas principalmente difundir o gosto pela cultura do pinhalense de um modo geral. E segundo a diretora do Departamento de Cultura e Turismo de Espírito Santo do Pinhal, Rosa Cavagnolli, “o saldo foi muito positivo”. “Eu faço uma avaliação positiva, mas ao mesmo tempo que a gente tem um longo caminho pela frente ainda na questão de formação de público. A gente nota que as pessoas têm uma dificuldade. Não tem a cultura mesmo, a vontade de sair de casa pra assistir uma palestra no fim de semana”, disse.

Rosa ainda comentou sobre a próxima edição do evento, dizendo que “cada ano você vive um momento diferente em sua cidade, em seu país” por isso haverá sempre novas atrações e novidades para os próximos anos.

Matéria publicada em parceria com o blog Over Shock.

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