segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Cordelista Paulo Barja concede entrevista ao blog Over Shock

Confira abaixo a entrevista realizada pelo blog Over Shock, em parceria com o blog da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro”, com o cordelista Paulo Barja durante a I Semana Edgard Cavalheiro:

Foto: Ricardo Biazotto
Over Shock (Ricardo  Biazotto)Paulo, para começar, gostaria que você comentasse um pouco sobre a literatura de cordel.
Paulo Barja – A literatura de cordel, eu considero uma ponte entre a literatura e a música. É uma literatura muito oral, é uma literatura pra gente ler em voz alta, e é muito um jeito de falar, que ao mesmo tempo em que tem a poesia presente, é muito próxima do cotidiano e do popular mesmo. São assuntos do cotidiano, assuntos do dia a dia, podem virar cordel. Então é uma poesia simples, uma poesia cessível, que é inclusive talvez a razão principal pela qual me encantei, essa simplicidade e ao mesmo tempo essa ponte entre a música e a literatura.

Over Shock (Ricardo  Biazotto)Atualmente qual é a procura dos cordéis?
Paulo – O Brasil viveu uma grande fase de cordel. O século XX teve muito, na década 40 e 50 do século XX o cordel vendia demais. O cordel era uma literatura que vendia muito. Hoje ainda vende bastante. Mudou um pouco, porque a gente tem acesso à internet, então hoje existe os cordéis virtuais também, que é um caminho.
O que acontece hoje, no nordeste ainda existe aquela coisa do cordel na feira, é muito comum. A gente vai para Aracaju, esses lugares têm os cordelistas na feira, então isso ainda tem bastante, mas houve uma mudança que eu posso dizer em termos de público, porque hoje o cordel chegou na escola, chegou na Academia. Então as faculdades, as universidades, os colégios e escolas, estão descobrindo o cordel. No nordeste isso já existe faz tempo, mas a gente aqui do sudeste está descobrindo isso, e o potencial assim do cordel na educação está crescendo demais, essa é a grande vertente atual.

Over Shock (Ricardo  Biazotto)Você mantém o projeto Cordéis Joseenses. Gostaria que você comentasse um pouco sobre isso.
Paulo – Isso! Na verdade porque eu sou apaixonado por cordel, sempre gostei, desde de novo, e comecei a colecionar cordéis. Então eu tenho uma coleção, uma cordelteca particular que tem talvez perto de três mil cordéis. Gosto de escrever também, então um belo dia eu falei: “Espera aí, e se eu começar a juntar esses interesses? Eu gosto de escrever, gosto de cordel, vou experimentar”. Comecei a brincar de fazer cordel, e me identifiquei demais, eu me encontrei aí. Então eu comecei a fazer os Cordéis Joseenses nesse espírito, também motivado pela ideia de como fazer uma literatura que pudesse ser acessível pra crianças. O cordel tradicional muitas vezes é mais duro, um pouco mais pesado, e algumas pessoas questionam um pouco isso. Então eu falei: “Não, eu vou fazer um cordel que seja tranquilo para salas de aulas, para escolas, para praças, ruas, um cordel mais universal possível” e essa tem sido a tônica dos Cordéis Joseenses nesses cinco anos de vida.

Over Shock (Ricardo  Biazotto)Recentemente você participou da Semana do Livro Nacional, né?
Paulo – Sim, Semana do Livro Nacional. Estivemos em São José dos Campos, onde a gente mora, então tivemos um sarau, tivemos uma mesa sobre poesia, sempre divulgando e tentando fazer esse cordel interagindo com o público, que é uma coisa que a gente gosta.

Over Shock (Ricardo  Biazotto)E o que você acha dessa ideia da Josy Stoque que movimentou o país inteiro, com vários escritores?
Paulo – Acho super importante e acho que esse tipo de iniciativa a gente quer que se multiplique mesmo, é algo que é muito simpático, é importante. Veja o meu caso: eu e a maioria dos escritores participantes somos escritores independentes, então a gente não tem um laço preso com uma editora, a gente não tem essa infraestrutura, toda essa dinâmica que já existe e ajuda, vamos dizer, os best-seller. A gente tá em outro campo, então a união faz a força. Pra gente, pra nós escritores, pessoal jovem, produzindo de forma independente. A união faz a força pra gente!

Over Shock (Ricardo  Biazotto)Para encerrar, comente um pouco sobre o que será a sua palestra hoje aqui na Semana Edgard Cavalheiro?
Paulo – A gente vai fazer um bate-papo informal, onde eu vou apresentar um pouco a história do cordel, antes até de chegar no Brasil, o cordel já existia na Europa. Aí falar um pouquinho do cordel no Brasil, de como a gente percebeu que o cordel foi ampliando leque de assuntos, ele trata de muita coisa, como o Brasil foi sendo escrito em cordel ao longo do tempo, aí vou exemplificar com alguns Cordéis Joseenses.

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