domingo, 29 de setembro de 2013

Escritor Moacir Amâncio concede entrevista ao blog Over Shock

Confira abaixo a entrevista realizada pelo blog Over Shock, em parceria com o blog da Casa do Escritor Pinhalense “Edgard Cavalheiro”, com o jornalista e escritor pinhalense Moacir Amâncio, durante a I Semana Edgard Cavalheiro:

Over Shock (Ricardo Biazotto)Moacir, para iniciar, fale um pouco sobre a peça “O Rei, o Rato e o Bufão do Rei”, sobre o autor, e o que motivou sua indicação para que a Companhia Viva Arte fizesse essa leitura dramática.
Moacir – Olha, Ricardo, são aqueles momentos: a gente sempre trabalha, a gente sempre atua movido pela inspiração, a gente pensa que a inspiração é uma coisa só... a inspiração está presente na nossa vida no dia a dia. E eu li essa peça, descobri o autor, e fiquei impressionado com ela, achei um ótimo texto, e muito importuno, porque ela foi escrita por um romeno, nasceu em 56 na Romênia, viveu sob a ditadura comunista lá, uma coisa horrível, como toda ditadura, mas conseguiu se exilar na França, e passou a escrever em francês. O que foi muito bom, porque o francês é uma língua universal, ele escreve muito bem, é um grande escritor.
E a peça fala sobre aquela história do poder e a loucura da história. Isso diz respeito a todos nós. A peça é um texto universal, e pelo que tem a sátira de humor, de crítica, permite uma reflexão sobre o poder, sobre a história, e também sobre o nosso comportamento particular, de cada um. Então é um texto muito rico, fiquei muito contente com aceitação da sugestão e com a realização do pessoal, que agora apresentou o trabalho deles.
A minha ideia é propor, com esse tipo de evento a eles, é trabalhar uma forma de divulgação do teatro, de um modo rápido, dinâmico, e sem custo, baixíssimo custo, ou seja, custo quase nenhum. É um intermediário entre a leitura particular privada do texto, e o espetáculo, que pode ser montado ou não. Mas o importante é que as ideias estejam circulando e sendo debatidas.
Eu gostei muito do que eles fizeram, talento, disposição, e curiosidade, tudo isso que move a arte, a vida, e a criatividade, sobretudo.

Over Shock (Ricardo Biazotto)No terceiro Pin Pin de Literatura, o poeta João Batista Rozon foi homenageado e dessa vez, na primeira Semana Edgard Cavalheiro, foi a vez de o senhor ser homenageado. Gostaria que você comentasse um pouco sobre essa homenagem, o que o senhor sentiu, já que no final do ano passado, quando foi lançado o “Gol de Esquerda” em Pinhal, o senhor também recebeu uma homenagem, ainda que mais simples. Gostaria que o senhor comentasse sobre isso.
Moacir – Eu nunca acho que eu mereço homenagem nenhuma. Claro, não é falsa modéstia, simplesmente isso. A homenagem ela se torna significativa quando ela é vem com emoção, vem com uma sensibilidade, vem com uma sutileza, como aconteceu aqui agora. Sabe, memória, amigos de infância que lembram coisas, então eu fiquei muito tocado, porque foi feita uma pesquisa pela professora Valéria que descobriu o meu passado condenável de estudante na Escolinha de Comércio, e até, sei lá, só faltou pegar o meu boletim no Batista Novaes, que esse é mais vergonhoso ainda.
Então, claro, eu tô brincando também, mas foi muito tocante, sabe, a pessoa fazer uma coisa muito delicada, e eu gostei muito das palavras do João Rozon também, somos amigos já de bastante tempo, né? É uma coisa boa!

Over Shock (Ricardo Biazotto)Em relação ao prêmio Edgard Cavalheiro, o senhor acha que é uma forma importante de divulgar o nome do Edgard e também da cidade de Pinhal?
Moacir – Não tenho dúvidas quanto a isso. É importante sim, e sim, eu vou falar de homenagem, é uma homenagem justa, é uma figura muito importante, e é realmente um cara bacana, que deve ser lembrado sim. Normalmente a tendência, ainda mais hoje que a literatura é uma coisa que começa a ficar sempre de lado, pra escanteio, é preciso batalhar muito pra que se preserve os nomes dos autores, mas antes dos nomes dos autores, é preciso que se crie, crie modos de incentivar a leitura, e fazer com que a leitura ela volte a fazer parte, de uma certa forma, do dia a dia das pessoas. Esse é o objetivo. A literatura não escrita pra alguns intelectuais, agentes especializados. Não!
A literatura, ela é escrita, a poesia, o romance, o conto, pra todo mundo. Então, todo trabalho, toda promoção, toda iniciativa que se volte para a divulgação da cultura, a divulgação da leitura, do pensamento, e das ideias, e o debate delas, é importante, e deve ser levado em frente, com maior garra, com maior atenção, maior cuidado e responsabilidade.

Over Shock (Ricardo Biazotto)Pra encerrar gostaria que o senhor comentasse sobre a sua visão em relação a primeira Semana Edgard Cavalheiro e também as expectativas para as próximas edições.
Moacir – Olha, eu acompanhei, não toda, eu acompanhei a programação, eu achei muito legal, muita boa, os nomes que estiveram, o Cadão Volpato, o (Marco) Villa, o Luiz Ruffato. São nomes representativos da cultura brasileira hoje, da literatura brasileira. E são pessoas com realmente que contribuem alguma coisa para o público, os leitores, ouvintes, sei lá. As outras também foram muito legais, e tal, mas a gente percebe que estão havendo um amadurecimento nas coisas. Pin Pin para Edgard Cavalheiro. E espero que isso continue nessa mesma linha, e fique cada vez melhor. Foi muito bom, mas a gente sempre encontra alguma forma de mudar, de criar, e de fazer uma coisa que talvez seja melhor e tal. E isso é o que eu espero que aconteça: sempre criativo, sempre dinâmico, e sem acomodação.

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